Juan Carlos del Rio

Há um anúncio de uma conhecida marca de automóveis na televisão espanhola que utiliza como motivo humorístico a progressiva introdução de siglas diversas como acessórios dos veículos que compramos. O primeiro foi o ABS (freios anti-bloqueio ou Anti-lock Braking System) e logo vieram uma dezena mais. O que nos interessa neste momento é o ACC: Controle Inteligente de Velocidade, tradução livre do inglês “Adaptive Cruise Control”. Vamos ver de que se trata e como, não só melhora a comodidade na condução dos veículos, mas a segurança e a redução de acidentes.

Há mais de 15 anos eu dirigia veículos nos Estados Unidos com “Cruise Control”, ou controle de velocidade, e pensava que era uma novidade que ainda não havia chegado aos automóveis europeus, mas que logo isto aconteceria. Este controle é uma grande vantagem que facilita a direção nas longas viagens, ao menos para o motorista, pois este pode selecionar uma “velocidade de cruzeiro” e o veículo se mantém na velocidade selecionada sem que seja necessário pressionar o pedal, até que suspendemos este controle manualmente ou simplesmente pisamos no freio.

Depois de tantos anos passados, este dispositivo não se disseminou fora da América do Norte, talvez porque as estradas não sejam tão largas e retilíneas e os caminhos tão longos. Agora, com o tráfego cada vez mais denso, o controle de velocidade típico é cada vez menos útil, mas os sistemas evoluíram conforme a nova realidade.

O sistema ACC observa o tráfego e adapta a velocidade ao fluxo controlando automaticamente (mediante radar) a distância entre nosso veículo e o que está à frente. O ACC acelera automaticamente até que nosso veículo alcance a velocidade selecionada. Quando nosso veículo se aproxima de outro que se desloca mais lentamente o ACC freia automaticamente e segue o veículo a uma distância escolhida por nós. Quando voltamos a ter a via livre o ACC volta a acelerar automaticamente até chegar à velocidade escolhida.

Não resta dúvida que este novo dispositivo aumenta a segurança no trânsito, pois nos ajuda a manter a distância correta em relação ao veículo que nos precede, ganhando um espaço de segurança, reduzindo o stress e evitando a fadiga na direção. Este sistema de ajuste automático da velocidade é mais seguro, pois enquanto um motorista pode demorar quase um segundo para reagir a uma mudança visual, o tempo de resposta do radar é praticamente instantâneo.

Além do mais o ACC oferece um efeito secundário benéfico, para reduzir os efeitos dos terríveis acidentes, considerando o lento tempo de reação humano. Os acidentes se produzem quando um veículo se vê obrigado a reduzir a velocidade devido ao ingresso de outro veículo na fila, por exemplo. Os veículos que vêm atrás reduzem também a velocidade, mas pelo lento tempo de resposta dos motoristas, produz-se um efeito em cadeia que leva a uma freada brusca e até mesmo a uma parada total.

O ACC ainda tem que melhorar, sobretudo em condições complexas de condução, como por exemplo, nos cruzamentos. E também os motoristas devem acostumar-se ao seu uso, pois como as distâncias de segurança com as quais trabalha o ACC são menores, devido ao menor tempo de resposta, a insegurança do motorista se reduz e os efeitos positivos podem ser eliminados.

Este sistema é fabricado na Europa pela Bosch e o empregam veículos de “alto nível”, como o Audi A6. Mas esperamos que no futuro seu uso seja estendido e possamos vê-lo em outros automóveis mais econômicos.

Para saber mais sobre o funcionamento do controle automático de velocidade, podemos consultar a página web http://auto.howstuffworks.com/cruise-control.htm

Autor

Revista Esfinge