artigo3-ed36Rostos enigmáticos e figuras estranhas, esculpidas em pedra ou pintadas nos muros dos templos. Estéticas distintas para expressar a vida, morte e ressurreição da natureza. Na Mesopotâmia foram encontradas estatuetas de mulheres sedentas que se interpretam como deusas da fertilidade. Para nós, acostumados a uma estética diferente, podem parecer figuras realmente feias. Porém, essa arte não estava orientada ao puramente estético, mas sim ao sagrado, ao invisível, ao fantástico. O artista sugere pela sua arte o que normalmente escapa do nosso olhar, e, então, surgem esses rostos estranhos, deusas venenosas que sustentam entre seus braços uma criança com cabeça de raposa, ou personagens- pássaros. O artista representava o que não é propriamente humano. Fixemo-nos na deusade Tell Asmar, no contraste de suas minúsculas mãos com seus imensos olhos. Olhos que também vemos na figura do deus Abu, e que pareceram (com sua córnea de osso e pálpebras de betume) durante os cinco primeiros séculos do terceiro milênio antes de Cristo. Para os sumérios, o Universo estava governado por um panteão de seres invisíveis com forma humana, porém imortais, que guiavam o cosmo por meio de leis prefixadas. Além desses deuses criadores, tinham três divindades celestiais: Nanna, deus da lua; Utu, deus do sol; e Inanna, rainha dos céus.

Inanna era também a deusa do amor, da procriação e da guerra. Seu casamento com Dumuzi, que originalmente foi um governante mortal, assegurou a fertilidade da terra. Na verdade, esse casamento acabou em tragédia, quando Inanna, ofendida pela insensível conduta que Dumuzi havia tido com ela, impôs-lhe a obrigação de encarregar-se do outro mundo durante seis meses do ano. No equinócio de outono, que indica o começo do ano novo sumério, Dumuzi voltava a terra para encontrar-se com Inanna, o que fazia com que toda a vida animal se revitalizasse mais uma vez. Assim, a cada ano novo, os sumérios celebravam o casamento de Dumuzi e Inanna. Na Grécia, as Tesmoforias constituíram o ritual mais importante de Deméter no mundo grego. As tesmoforiazusas invocavam duas deusas: Deméter Tesmófora (a quem a festa deve seu nome) e Coré, uma vez no ano, durante o outono, ao longo de três dias. Reuniam-se no templo de ambas, que se localizava exatamente no Pnix, a colina onde normalmente aconteciam as assembléias, lugar ocupado pelos homens durante os tribunais e o conselho.

Autor

Revista Esfinge