Que criatura estranha é o homem! É só colocar correntes em seus pulsos, e clama desesperado para libertar-se; mas desfruta acorrentando-se a suas paixões, medos e ignorância.

Um homem não envelhece quando as células epiteliais enrugam, mas quando enrugam os sonhos e as esperanças.

O valor das palavras não está no que elas contêm, mas no que elas libertam.

Há tantos caminhos quanto caminhantes; a estrada que conduz à perfeição para uma toupeira está no subterrâneo, enquanto que a de uma águia estará no cume das montanhas.

Quando se está intensamente desamparado, até as duras pedras da dor podem formar uma caverna aconchegante.

As coisas são ou não são verdadeiras, independentemente do registro que você tomar delas e a interpretação que se dê a elas.

A morte não existe; é um fantasma inventado para nos assustar. Nada morre. Tudo se transforma. Tudo muda.

Cortaram nossas asas de tal maneira que nossos jovens não têm vergonha de falar sobre sexo, mas têm vergonha de falar sobre Deus.

Se as igrejas foram erguidas para que os homens chegassem a Deus, as maravilhas da natureza foram feitas pela Divindade em sua busca para se aproximar dos homens.

Não erramos somente por fazer o mal, mas também por não fazer o bem. Tolerar o mal é aliar-se com ele.

Anúbis, Guardião da Montanha Funerária

A montanha é a mansão escura e invisível, o cone de sombra do planeta que devem ser superados para seguir os passos de Osíris.

Esta divindade é uma das mais antigas e mais esotérica de todo o panteão egípcio de todos os tempos. Senhor do mistério e do invisível, era popularmente associado com divindades totêmicas locais e psicopômpicas, e foi considerado um amigo e rei dos mortos. Segundo Plutarco e o papiro Harris, Anúbis é o embalsamador de Osíris, quando este é despedaçado por Seth. Além disso, é considerado filho de Néftis, a irmã ou duplo astral de Ísis.

Até agora, este é um resumo do conhecimento básico que os investigadores têm de Anúbis. Muito mais profundo é o sentido que originalmente os sacerdotes iniciados deram; sem a contribuição deles, nossa percepção da realidade se torna uma infantil máscara indigna daqueles que disseram a Sólon, um dos sete sábios da Grécia, vós gregos serão sempre crianças. E Sólon, que tinha ido às margens do Nilo para beber da sabedoria, humildemente abaixou a cabeça e compreendeu.

Na escuridão do Egito pré-histórico, onde aparecem os fragmentos de um conceito metafísico esquecido, resquício deste outro Egito Vermelho (de origem Atlante) que existia há dezenas de milhares de anos, se destacam uma série de deuses associados com representações zoomórficas: a rã Ki; Hórus o falcão; o crocodilo Seth; o hipopótamo Typhoon; a leoa Sekhmet; Anúbis, o chacal ou Nepu, e o Caracol do qual não se conserva nenhum nome e alguns outros dificilmente identificáveis. Outros conceitos divinos como Ptah e Tum foram modificadas várias vezes no Egito histórico, assim como o Escaravelho e a gata Mau, chamada de Bastek pela primitiva civilização do período intermediário de Bubastek ou Bubastis.

Anúbis era originalmente e, a posteriori, nos Mistérios Iniciáticos, o portador de um grande machado (mais tarde mudou-se para Creta nos templos de Knossos e depois para Roma nos mistérios de Marte, como o Sagrado Laber) e dizemos portador, pois o maior esoterismo estava no machado e não em seu pedestal vivo. Este instrumento mágico continha os segredos hipergeométricos primitivos e se relacionava com a encarnação dos arquétipos divinos no Universo. O portador, Homem Celeste oculto ou ideia vitalizada e poderosa, feita a lei universal, compartilhava substratos simbólicos com a hierarquia esotérica de Sirius em oposição ao que foi chamado mais tarde pelos gregos de Mistérios Antares e pelos egípcios históricos, de Ísis e os Sete Escorpiões.

Na subchave antropopsíquica, tão grata aos homens, o machado é o fio da vontade treinada e orientada pelo destino cósmico que separa a personalidade mortal do indivíduo imortal, os dois triângulos opostos pelo vértice representam a luz e a escuridão da consciência, unidas e separadas pela cabeça do cabo, o kamamanas da Índia. Na prática dos Mistérios, Anúbis é o que corta a ligação entre o mortal e o imortal; porque ele é o deus da morte, separação temporária; e da Iniciação e separação definitiva. Ele é o deus dos mortos e dos iniciados, de acordo com o nível simbólico a ser analisado.

Em outra figura, nas primeiras dinastias menesíacas, ele foi chamado por um nome remoto, o “Guardião da Montanha Funerária”. A montanha é a mansão escura e invisível, o cone de sombra do planeta que deve ser superado para seguir os passos de Osíris, o Espírito solar, o Logos dos Platônicos. A pirâmide iniciática é uma representação material desta montanha metafísica e Anúbis seu misterioso guardião, que vê na escuridão e que “ninguém está sozinho.”

Deidade beneficente e terrível para aqueles que deixaram “corromper sua alma”, é esotericamente relacionado com os Mistérios astrológicos de Vênus e exotericamente aos de Mercúrio e, por isto, gregos e romanos o identificaram com Hermes.

Irmão mítico de Hórus, o falcão solar, cumpre funções idênticas com o duplo dos mistérios astecas; o deus Águia-jaguar, diante do qual foram iniciados em um templo circular, os “Portadores do dardo “, as grandes almas (como os Mahatmas indianos), que formam a comitiva do sol, sob a forma de beija-flores.

Em suas funções de “Embalsamador de Osíris” reafirma seu caráter, segurando a despedaçada múmia e ajudando ao triunfo espiritual. Senhor dos caminhos do espaço, ele é visto deitado em um caixão ou arca, onde se escondem as sementes sagradas e arcanos do futuro luminoso da espécie.

A estrela polar que brilha, por vezes, sobre sua cabeça e seu olho direito, que consiste em Sirius, recordam sua origem galáctica e o final remoto do homem interior.

Anúbis, Deus da Esperança, Pai da felicidade que nunca se desvanece, é o emblema escondido da humanidade e daqueles que incentivaram as civilizações do Nilo e suas mensagens. Seu luminoso olho percebe o menor caminhante da trilha e está pronto a aparecer-lhe em cada volta do caminho, mantendo-o desperto. Aquele que compreende Anúbis, compreendeu o Egito e encontrou a si mesmo.

Recopilado da Revista Estudos Teosóficos

Autor

Revista Esfinge