Charles César Couto

A ciência moderna se deparou com um fenômeno que denominou de matéria escura. Vejamos o que tem a dizer sobre isso o físico Marcelo Gleiser:

“O astrônomo americano Carl Sagan dizia que somos poeira das estrelas. Os elementos dos quais somos compostos, como o carbono, o nitrogênio e o oxigênio, vieram dos restos mortais de estrelas que existiram antes da formação do nosso Sistema Solar, há aproximadamente 5 bilhões de anos. Quando as estrelas morrem, explosões gigantescas espalham sua matéria através do espaço interestelar. Pois é essa matéria que, fazendo parte da Terra, encontra-se em nossos ossos e órgãos.

O interessante é que essa matéria, composta de prótons, nêutrons e elétrons, não tem muita relevância cósmica. Sem dúvida, é ela que compõe as estrelas e as nuvens de gás que observamos pelo Universo afora, mas esse tipo comum de matéria, que é chamada de matéria bariônica, não consiste em mais do que 1/6 da matéria total existente no Universo. A maior parte não tem nada a ver com a matéria da qual somos feitos. Não é composta de prótons e elétrons e não forma astros luminosos, como estrelas. Nós só percebemos sua existência através da atração que ela exerce sobre a matéria luminosa comum. Por isso, esse tipo exótico de matéria é conhecido como matéria escura. Um dos grandes desafios da física moderna é desvendar a natureza dessa matéria. Se ela não é feita de átomos comuns, do que é feita?

Antes de abordarmos essa questão, vale notar que planetas, asteróides, ou outros astros que não produzem a própria luz (como fazem as estrelas), mesmo se feitos de átomos comuns, também são matéria escura. Eles são considerados matéria escura bariônica, menos interessante, e já incluída no 1/6 mencionado acima. Portanto, quando falamos em matéria escura exótica, nos referimos àquela que não é composta de prótons e elétrons, ou seja, os outros 5/6 da matéria cósmica, de composição desconhecida.
A maior pista que temos da existência de matéria escura é obtida quando se observa como as galáxias giram, pois, como tudo mais no cosmo, galáxias também giram em torno de seu eixo central. A velocidade de rotação é medida observando-se a luz de estrelas posicionadas a distâncias variáveis do centro. Se a galáxia fosse feita de matéria bariônica comum, a velocidade chegaria a um valor máximo a uma certa distância e cairia em direção à borda. O que se observa é que a velocidade cresce e chega a um valor aproximadamente constante, sem diminuir na proximidade da borda. A explicação mais plausível é que existe mais matéria na galáxia do que aquela que produz luz. Essa matéria escura circunda a galáxia como um véu invisível, cuja massa altera a sua velocidade de rotação. As observações confirmam que todos os tipos de galáxia têm esse comportamento. A matéria escura está por toda parte.

Uma das teorias mais aceitas é que essa matéria escura é composta por partículas submicroscópicas exóticas, muito diferentes dos prótons e elétrons que formam os átomos normais. Caso isso seja verdade, deveria ser possível detectá-las aqui na Terra, na medida em que nosso planeta passeia pelo véu de matéria escura circundando a galáxia.”

Encontramos na Doutrina Secreta, escrita por Helena Blavatsky, uma exposição sobre a existência de uma matéria além das nossas percepções.

A ciência da época teve que admitir a existência de uma matéria assim para conseguir explicar a rotação e a gravidade.

O prof. Jorge Angel Livraga, em suas conferencias, aborda o fato de que, possivelmente, a luz como nós a conhecemos teria vindo de uma matéria mais sutil, o que na filosofia hindu era denominado Daiviprakriti (A Luz Divina ou Fohat) que, por sua vez, emana do Logos, uma inteligência do universo.

Exploraremos mais esse assunto num próximo artigo.

Bibliografia:

Echenique, Michel. A Filosofia das Artes Marciais, 1ª ed. Belo Horizonte, Edições Nova Acrópole, 1994

Blavatsky, Helena P., Doutrina Secreta vol II, 12a ed. São Paulo, Pensamento, 1997, 395p.

Autor

Revista Esfinge