Quem se lembra dos anos 80 e do nascimento dos movimentos ecológicos modernos, com aquele famoso slogan com um sol e a legenda “Nuclear não, obrigado”, vai se assombrar com o fato de que se está considerando a energia nuclear como uma fonte alternativa à crescente demanda de energia no mundo. Já não é apenas a suposta limitada duração dos combustíveis fósseis, mas também a contaminação produzida e o descumprimento dos acordos de Kyoto, e sobretudo a crescente alta dos preços energéticos. Inclusive alguns ecologistas estão começando a apoiar, timidamente, uma energia nuclear, sempre mais segura, pois já se passaram os tempos de Chernobyl.

Repassemos alguns dos dados a ter em conta:

A energia nuclear não emite gases que produzem o efeito estufa na atmosfera, evitando o aquecimento global.

Evita a dependência dos combustíveis fósseis de limitada duração.

Frente a outras energias renováveis e limpas, como a solar ou a eólica, uma planta de energia nuclear requer muito menos espaço para produzir a mesma energia.

Seu volume é muito compacto: 1 kg de urânio produz tanta energia como 3 milhões de kg de carbono, sendo apropriado para veículos como submarinos ou aviões.

Atualmente, 16% da energia consumida no mundo é proporcionada por algum dos 440 reatores nucleares distribuídos em 31 países. Os E.U.A estão em um dos primeiros da lista, com um total de 104 reatores nucleares que proporcionam 20% da energia. No entanto, é a França que está melhor abastecida, com 78%, devido aos 59 reatores existentes.

Uma planta nuclear é basicamente uma planta de vapor alimentada por um elemento radioativo como o urânio. O urânio é colocado no reator e aí se produz a fissão ou separação dos átomos individuais, produzindo uma grande quantidade de energia que é usada para aquecer água que se transforma em vapor. O vapor faz funcionar algumas turbinas que movem cilindros de corda que interatuam com um campo magnético gerando uma corrente elétrica.

A explicação da liberação de energia durante a fissão se baseia na famosa fórmula de Einstein: E=mc². Em determinadas condições, um átomo de urânio se divide em dois átomos menores, desfazendo dois ou três nêutrons no processo. A energia é liberada em forma de raios gama, similares aos raios X, que podem produzir queimaduras, câncer ou mutações genéticas nos seres vivos. Podem conter grossas paredes de concreto ou de chumbo.

Os resíduos nucleares são os restos do urânio, altamente radioativos. Na França ou no Japão se reutilizam, mas nos Estados Unidos se armazenam desde a década de 70 na montanha Yucca no deserto de Nevada.

Outro tipo de combustível nuclear recentemente utilizado é o tório, uma substância mais abundante e que produz menos resíduos radioativos.

As bombas atômicas e as centrais nucleares são essencialmente diferentes. As bombas requerem, para explodir, a união rápida de duas peças de urânio-235 metálico quase puro. Um reator nuclear típico utiliza urânio cerâmico (normalmente em forma de óxido), no metálico, com um conteúdo de urânio-235 de no máximo 3%; o resto do urânio é 238, que não provoca fusão no reator nuclear da central.

Juan Carlos del Río

Autor

Revista Esfinge