Delia Steinberg Guzmán

Acreditávamos ou pretendiam que acreditássemos que o tempo nos levaria a atingir nossas metas, as melhores formas de vida, os descobrimento técnico-científicos que atenuariam as doenças físicas e a falta de recursos econômicos. Isto nos conduziria a opções sociopolíticas mais justas e equilibradas, a ampla comunicação não só com nosso planeta, mas com outros do espaço… e tantos outros sonhos…

Sem menosprezar a quem verdadeiramente se esforça para resolver os problemas, reconhecemos que estes esforços são pequenos e que ficam isolados frente a grande quantidade de acontecimentos ardorosos e inesperados que nos afetam, e que vão crescendo dia a dia.

Sentimos que um importante ciclo da história termina, que o mundo está dando um giro poderoso para uma direção que não conseguimos entender com clareza e, por isso, nos confunde.

Embora nos interessem as previsões e investiguemos os já conhecidos movimentos milenares dos séculos passados, pensamos que todas as coisas têm suas causas e também suas conseqüências.

O que ocorre é que, nos dias de hoje, estamos saturados de situações que não conseguimos digerir, às vezes, porque desconhecemos as causas ─ ou estas não nos interessam, ou não há interesse em que as conheçamos ─ e então não sabemos o que será do nosso futuro imediato.

São muitos os fatos que nos chocam e que clamam por respostas. São muitos os diálogos que temos conosco mesmos, mas nos calamos quando não conseguimos dominar forças mais potentes que nós. Isso não só ocorre com os cidadãos comuns, mas também com aqueles que têm a possibilidade de administrar meios e soluções.

Nosso planeta muda, desertifica-se, empobrece. Grupos de ecologistas, (alguns mais manipulados que outros por interesse políticos), clamam pela salvação da terra. E o que muda? Nada. Algumas páginas nas revistas e jornais, algumas manifestações e tudo continua igual… Ou pior. Os homens, cada um em seu continente, em seu país, em sua terra, sofrem pressões psicológicas, morais, econômicas e sociais. Alguns lutam por uma economia global e outros, há alguns quilômetros, morrem de fome e, desesperados, recorrem ao êxodo por caminhos mortais que não os levarão a lugar nenhum.

Copilamos algumas palavras sábias e emocionantes de José Maria Mendiluce: “Acredito que este é o momento de darmos um passo que nos leve da emoção e do sentimento de indignação para uma análise mais profunda das causas que nos permitam uma prevenção ativa do conflito… A África “sobra” na partilha da globalização da economia… Lutamos contra a inflação… Inflação de reuniões e palavras frente ao déficit de ações coerentes… Inflação de falsas ilusões na busca de uma felicidade impossível e que nos afasta dos valores que nos fazem humanos, sensíveis, solidários”.

A filosofia busca essas soluções, na convicção de que os excessos de planejamentos inviáveis, de demagogia e corrupções consentidas, não oferecerão uma saída digna. É necessário encontrar o ser humano e devolver-lhe sua dignidade. Depois de tudo isso, as melhores obras das civilizações, os melhores momentos da história foram obras de homens íntegros, dignos, honestos e generosos, capazes de atuar não só para si, senão para todos os que necessitam dele.

Podemos citar a real expressão: “Depois de mim, o dilúvio”. Mas se não agirmos rapidamente, esse dilúvio cobrirá a todos ─ aos vivos e aos mortos.

Autor

Revista Esfinge