O negro representa a fecundidade, o trabalho oculto e secreto em que as coisas são gestadas até que chega o momento de sua manifestação.

Tanto o negro como seu oposto, o branco, são cores limite. Um representa a ausência de cor e o outro a síntese de todas as cores. O negro está associado às trevas primordiais, à indiferenciação dos inícios, aos abismos do céu e da terra, ao profundo onde todos os elementos parecem unir-se. Assim, representa o Caos, que tudo contém em potência e onde todas as coisas são possíveis. O negro e o branco foram associados à morte como umbral e elemento de confluência e, ao mesmo tempo, da partida para uma nova mudança, uma mutação e uma transformação. O negro é a cor da noite, da obscuridade, da não-luz e do tempo anterior à luz. O negro representa também a dissolução e a putrefação onde os elementos que se separaram podem reunir-se e germinar sob a ação da umidade, aparecendo de novo à luz. Esta faceta de ocultamento da obra, que se realiza além da visão porém que no entanto acontece, é o que se associou à fecundidade e o trabalho oculto e secreto em que as coisas são gestadas até que chega o momento de sua manifestação. Assim, o negro foi associado ao Yin, o aspecto feminino da Natureza.

Esta qualidade de potencial germinativo é a que faz com que se considere o Caos como receptáculo em que germinam as formas com as leis que as regem. Esse negro, feminino, potencial, conteria em si a semente das coisas sujeitas a ritmos, representações e transformações.

Autor

Revista Esfinge