Baixe o artigo em PDF e leia em seu Smartphone – 01-20

Não me refiro ao teu Espírito Divino que, por ser divino, não pode crescer nem decrescer, nascer nem morrer, mas àquela parte superior em nós a qual chamamos comumente de Alma.

É sabido por todos que o exercício físico, por exemplo, desenvolve os músculos, e, que qualquer aprendizagem deve ser feita com base na tenacidade em exercitar aquilo que queremos fazer crescer, seja o domínio de um idioma ou o de uma máquina qualquer.

Da mesma maneira, se queres fazer que crescer tua alma tens de exercitá-la, incansavelmente, todos os dias. E para isso não são imprescindíveis os exercícios especiais, basta uma reta atenção, naturalmente orientada ao espiritual. Quando observares o fototropismo das folhas de uma planta ou a casca das árvores, trata de captar aquilo que está mais interiormente colocado, o que é o motor e a causa do que superficialmente vês. Acostume a se sentir nas mãos de Deus através do seu entorno, estudando cuidadosamente todas as coisas, com a pureza e a inocência de uma criança.

Acostuma a te deter várias vezes por dia no teu trabalho com afã, para te dedicar, embora seja por uns poucos minutos a observar. Deixe teu corpo quieto e em uma posição cômoda, para que não te canses… e observe-o, escute-o. Não te movas, não faças ruído, nem sequer com a tua mente, e perceberás como se revelam coisas escondidas para o comum dos mortais. E essas coisas não são para que contes aos quatro ventos, nem te vanglories delas, mas para que vejas a existência dos milhares de seres e de ajustes naturais que sustentam o Universo. Se entendes bem isto, te tornarás mais humilde e inclinado às coisas do Espírito.

Para que tua alma cresça, o primeiro que deves fazer é percebê-la, e antes disso ainda, calar no possível os tumultos da tua personalidade, pois em meio a uma gritaria, mal poderias escutar o sussurro de um sábio.

Não é preciso que te tornes um asceta em nenhum sentido (o que por outro lado, seria improvável que conseguisses), mas que simplesmente dê a cada coisa seu verdadeiro lugar e sua real importância. Queres comer? Então coma, mas não te prives disso e nem busque refinamentos que incitem a gula. E assim com o demais. Controla tua imaginação, pois é ela que dá reflexos dourados ao barro deste mundo e te faz correr buscando sempre tesouros que finalmente se desfazem nas tuas mãos.

Tais e tão simples coisas deves fazer para que tua alma cresça.

Jorge Ángel Livraga

Autor

Revista Esfinge