Por Leonardo Santelices

Durante os últimos três séculos, acreditamos que o ser humano, a sociedade e o mundo eram governados de acordo com as opiniões das pessoas. Os problemas ambientais já estavam nos dizendo que as leis da natureza não se baseiam nas opiniões do momento.

Que temos de ser de direita ou de esquerda! O coronavírus ataca sem perguntar a tendência política.

Que a minha religião é a única válida!  O coronavírus não pergunta qual é o seu credo.

Que o fundamental é conseguir uma boa economia! O coronavírus não fez distinção entre países com renda mais alta ou mais baixa ou entre pessoas com renda mais alta ou mais baixa, ataca a todos.

Que é grave se eu não tenho os mais recentes modelos de telefone celular, roupas da moda ou que eu não sai bem na foto que coloquei nas redes sociais! O coronavírus está olhando para o que realmente importa, afastando-nos da frivolidade.

Que a época para se discutir ideias acabou! Agora, o que importa é quantas pessoas colocamos nas ruas, o coronavírus nos mostra que é melhor discutir ideias e não formar grandes rebanhos de pessoas.

Que o mais importante sou eu! O coronavírus está nos mostrando que, para progredir, precisamos fazer todos juntos, independentemente das diferenças nos níveis social, religioso ou político, devemos trabalhar juntos.

É o retorno do sentido de comunidade, somos seres humanos e isso está acima das diferenças, a política é uma ciência e uma arte para alcançar o bem-estar coletivo e não para dividir e, pior, enfrentar uma sociedade.

É sentido de comunidade que aprendamos a ver os seres humanos como tais e não que os classifiquemos em tribos ideológicas, econômicas ou de outro tipo. Apreciar as pessoas por suas virtudes e não por seus bens ou aparência.

Acostumados a soluções fáceis, aguardamos uma vacina para que tudo volte ao que era antes, na realidade o desafio está em algo muito básico, mas fundamental, a higiene, assumirmos a responsabilidade individual por uma vida mais natural e organizada.

O coronavírus nos trouxe de volta ao sentido de comunidade, a vida disciplinada e simples de nossos avós, apreciar o próximo simplesmente porque ele é outro ser humano, a pensar em como nossas ações afetam os outros, mais do que em nossa conveniência. Preocupar-se mais em cumprir nossos deveres do que reivindicar nossos direitos, ou seja, recuperar a dignidade.

Podemos dar as boas-vindas ao sentido de comunidade e espero que tenha voltado para ficar.

Autor

Revista Esfinge