Escrito por Hinaldo Breguez

Prof. Nova Acrópole Juiz de Fora – MG

Há mais de 2.400 anos na Grécia, Sócrates já nos alertava a tomar cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais. Não basta ter o tempo preenchido para se sentir bem se os compromissos que assumimos carecem de significado. O vazio interno não é eliminado com afazeres externos. Quando esquecemos dessa máxima socrática, a pressa cotidiana pouco a pouco vai retirando a beleza que mora nos detalhes mais simples, e esse comportamento vicia o nosso olhar a enxergar tudo como um produto a ser explorado. O ser humano, o mundo, a natureza, são transformados em objetos inanimados, que podem ser vendidos, trocados ou até mesmo descartados por um ‘‘bom’’ preço. A nossa relação com a vida se torna fria e a busca pelo prazer a qualquer preço um hábito venenoso. Um grande erro, pois, a generosidade continua sendo a forma mais segura de se sentir bem consigo mesmo. Com a alta expectativa que acompanha as nossas decisões, modificamos a relação com o tempo e esquecemos o que é ter paciência. Se as metas não são alcançadas a dor se torna insuportável.

            A filosofia à maneira clássica consegue oferecer bons resultados ao lidar com essas situações. Ela nos ensina que nada é totalmente inválido e as diferentes circunstâncias da vida representam oportunidades de aprendizado. Muitas delas podem não ser confortáveis, mas nem por isso deixam de nos entregar grandes pérolas de sabedoria. Até mesmo as experiências mais dolorosas trazem um ensinamento. Essas oportunidades são ambientes únicos para mostrarmos o nosso valor e revelarmos quem realmente somos através daquilo que elegemos como prioridade.

Tudo na vida tem valor, mas nem tudo tem preço.

            Mas como aprender a nos desvencilhar desses hábitos mecânicos que distorcem a nossa percepção da realidade e contribuem para uma vida vazia e sem sentido? Será que sozinhos iremos conseguir encontrar essas respostas? A solução sempre esteve do nosso lado. As primeiras ‘’escolas’’ que surgiram no mundo foram as condutas morais de boas pessoas. Verdadeiros educadores que ensinaram com o exemplo da sua própria vida. Uma forma tradicional e sempre atual de educar. Se hoje conseguimos caminhar sozinhos é porque alguém segurou as nossas mãos no momento de dar os primeiros passos. Alguém se fez presente, ocupou esse espaço e assumiu a responsabilidade. Assim nos arriscamos a andar, imitando aqueles que estão a nossa frente. Ter a companhia desses pequenos mestres na vida, também são incentivos para nos lançarmos em novos desafios, como pronunciar as primeiras palavras na infância e começar a falar. O exemplo sempre será algo fundamental na história de todas as pessoas. Inspirados pela ação daqueles que se arriscaram e fizeram algo que parecia impossível, rompemos a inércia e seguimos as pegadas em um caminho já percorrido. Isso não poderá ser substituído e não vai sair de moda.

            O ser humano necessita de apoio, mas é muito fácil se esquecer disso. Uma vez que aprendemos a andar e nos sentimos ansiosos para caminhar com mais velocidade, podemos cometer o erro de achar que agora os pequenos mestres são dispensáveis e que finalmente nos tornamos autossuficientes. Precisamos escolher muito bem as nossas referências e selecionar os melhores comportamentos para modelar nossa vida. Começamos acreditando que é possível, para dar início a essa longa jornada à procura de si mesmo. Não iremos acertar sempre, mas à medida que seguimos caminhando vamos aprendendo a escolher cada vez melhor. E como referência vale à pena lembrar que o bem é tudo aquilo que une e nele sempre estarão os melhores exemplos.

Autor

Hinaldo Breguez