“Todas as coisas que existem no Universo estão dotadas de alma e vida.” G. Bruno

Rebelde, valente, obstinado, viajante incansável, pensador audaz de inteligência superior, cientista precursor, mártir da liberdade e da verdade, Filippo Bruno nasceu em Nola, perto de Nápoles, em 1548. Foi filósofo, astrônomo, e matemático. Suas teorias, há 400 anos, anteciparam a ciência moderna.

Bruno aparece como um homem do Renascimento, um pioneiro que despertou a Europa de seu grande sono medieval.

Da infância de Filippo Bruno nada se sabe, Somente temos notícias de que passou a viver em Nápoles até 1562, onde estudou ciências humanas e se fez frade dominicano em 1565, tomando o nome de Giordano, com o qual seria conhecido pela posteridade. Grande estudioso, durante esses anos juvenis foi muito influenciado pelo neoplatonismo.

Por essa época começou também seus estudos sobre a capacidade de aumentar a memória, baseado nos ensinamentos de Raimundo Lúlio. Além disso, como costumava ser frequente no século XVI, Bruno não dissimulava seu interesse por Magia (Magna Ciência) e pela sabedoria oculta ou hermética, na qual acreditava que existia uma inesgotável Sabedoria. Evidentemente, isso não agradava a Igreja Católica, pelo que não tardou ser acusado ante a inquisição, e essa situação, nos anos que estava vivendo, significava estar em perigo extremo. Sendo suspeito de heresia, abandonou a ordem dos dominicanos, escapando da Inquisição napolitana e do Santo Ofício de Roma.

Temendo por sua segurança, e em busca de liberdade de expressão, Bruno vagou como uma figura solitária pela Suíça, França, Inglaterra, Alemanha, Tchecoslováquia. Dedicou esse período ao estudo, à reflexão, ao ensinamento, assim como a escrever e transmitir conferências. Cunhou a frase libertas philosophica, o direito de pensar, sonhar, por assim dizer, de filosofar.

Entre suas muitas obras se destacam: O banquete de quarta-feira de Cinzas, Sobre a causa, o princípio e o uno, A expulsão da besta triunfante, Cabala do Cavalo Pégaso e Dos Heroicos Furores. Esse último, escrito em um conjunto de diálogos – possivelmente baseado em Platão – sobre o amor sublime em contraposição com o Amor vulgar. O mesmo Giordano era um espírito heroico, e não podia deixar de lado esse tema, que constitui manifestação de doutrina ética.

Giordano Bruno preconizou uma reforma religiosa e moral, e foi precursor da cosmologia moderna ressaltando a ideia de universo infinito, assim como de um infinito número de mundos habitados. Na atualidade, cientistas e filósofos estão tomando seriamente em conta uma perspectiva que inclui bilhões de galáxias, e é também muito provável que outras formas de vida (incluindo seres Inteligentes) habitem e evoluam em outros planetas similares a Terra.

Depois de 14 anos percorrendo a Europa, Bruno Regressa à Itália, convidado pelo jovem nobre veneziano Giovanni Mocenigo. Na verdade, tratava-se de uma armadilha para entregá-lo à inquisição de Veneza e posteriormente à de Roma. Durante sete anos suportou um enterro em vida, confinado nas masmorras da Inquisição, ao cabo dos quais foi condenado por heresia e sentenciado a morrer na fogueira, pelo cardeal Roberto Bellarmino.

Ao escutar a sentença Giordano Bruno não se retratou, senão que respondeu a seus juízes: Tremeis mais vós ao pronunciar a minha sentença que eu ao escutá-la.

Em 17 de Fevereiro de 1600, o rebelde Bruno foi atado a uma estaca, amordaçado e queimado vivo em público, no Campo dei Fiori, em Roma. Suas cinzas foram jogadas ao vento e se espalharam pela Terra que havia sustentado sua vida e Pensamento.

Terminamos esta breve resenha biográfica com um paragrafo de sua extensa obra:

“Todo homem possui um filósofo dentro de si, para fazê-lo viver é necessária a presença do amor heroico, dessa força infinita que provém do uno, e que permite ao homem suportar dores, transformar o mundo, concretizar seus Ideais.”

Julián Palomares

Autor

Revista Esfinge