“Assim como nosso corpo humano carrega consigo milhares de vidas infinitesimais das quais nem sequer temos consciência, também a Terra nos carrega sobre si, e o fato de que aqueles que são carregados estejam vivos, não significa que o portador também não esteja. Como todos os seres vivos, a Terra tem uma alma e um corpo.” (Delia Steinberg Guzmán)

No dia 22 de abril comemoramos o Dia Internacional da Mãe Terra.

Era o ano de 1970, quando no dia 22 de abril, aconteceu um protesto ambiental promovido pelo ativista e senador norte-americano Gaylord Nelson (1916-2005), nas cidades de Washington, Nova York e Portland.

Cerca de 20 milhões de pessoas se reuniram em passeatas e discursos que alertavam sobre as questões ambientais. O objetivo principal era pressionar o governo. No final daquele ano, o governo americano criou a Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency).

Antes desse acontecimento existiram alguns encontros e acordos internacionais para a preservação de algumas espécies de animais, restrição à caça ou preservação de algum espaço natural. No entanto, o protesto de 1970 serviu como um importante gatilho no surgimento de diversos debates e conferências para tratar das questões ambientais em âmbito mundial. Em 1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, reunindo 113 países e que se tornou um marco para a política ambiental mundial.

Foi o primeiro encontro que reuniu representantes de diversos países para discutir as questões ambientais e colocar em pauta as preocupações em relação ao futuro do planeta, resultando na elaboração da Declaração de Estocolmo, que estabeleceu 26 princípios e a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Neste evento foram estabelecidos critérios e princípios que deveriam servir de inspiração e guia aos povos do mundo para preservar e melhorar o meio ambiente.

A seguir, um trecho do documento produzido nesta Conferência:

“Hoje em dia, a capacidade do homem de transformar o que o cerca, utilizada com discernimento, pode levar a todos os povos os benefícios do desenvolvimento e oferecer-lhes a oportunidade de enobrecer sua existência. Aplicado errônea e imprudentemente, o mesmo poder pode causar danos incalculáveis ao ser humano e a seu meio ambiente.”


Ao longo dos anos, outras convenções e conferências internacionais sobre o tema da conservação ambiental também aconteceram. O dia daquele protesto ficou marcado e a questão ambiental passou a ganhar cada vez mais espaço nas discussões mundiais.

Em 22 de abril de 2009, por meio da Resolução 63/278, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU criou o Dia Internacional da Mãe Terra, recordando também a Resolução 60/192, que proclamou o ano de 2008 como o Ano Internacional do Planeta Terra.

A seguinte passagem foi extraída da Resolução 63/278:

“Reconhecendo que a Terra e seus ecossistemas são nosso lugar, e convencidos de que para alcançar um justo equilíbrio entre as necessidades econômicas, sociais e ambientais das gerações presentes e futuras, é necessário promover a harmonia com a natureza e a Terra,

Reconhecendo também que a Mãe Terra é uma expressão comum utilizada para referir-se ao planeta Terra em diversos países e regiões, o que demonstra a interdependência existente entre os seres humanos, as demais espécies vivas e o planeta que todos habitamos, […].” (tradução livre)

A menção à Mãe Terra e seu reconhecimento como mantenedora de toda a vida não é recente.

Diversos povos falam sobre a Mãe Terra e há muitos mitos, histórias e celebrações a ela relacionados. Os povos originários reverenciavam a Terra e possuíam uma relação íntima com aquela que consideravam sua Grande Mãe, não apenas por ela ser a provedora de todas as necessidades para a sobrevivência, mas porque era vista como um Ser, tão vivo como a vida que nela se desenvolve.

Gaia ou Geia, como os gregos denominavam a Terra, era a personificação da Deusa Mãe. Mãe dos homens e dos deuses, divindade primordial que deu origem à existência, símbolo de fecundidade e regeneração. Em seu Dicionário Mítico-Etimológico, Junito Brandão nos conta que “em todas as culturas sempre houve ‘enterros’ simbólicos, análogos às imersões batismais, seja com a finalidade de fortalecer as energias ou curar, seja como rito de iniciação. […] morrer para uma forma de vida, a fim de renascer para uma vida nova e fecunda” (p. 273).

A Terra, assim como o espaço celeste, era considerada um espaço sagrado. Desde a fundação de uma cidade, como a construção de prédios ou enterros dos mortos, tudo era feito de forma sacralizada e à Deusa Mãe também se pedia licença.

Em algum momento já ouvimos dizer que “tudo nasce da terra e volta para ela quando morre”. É a indicação daquilo que os filósofos pré-socráticos já anunciavam, que na natureza nada morre, apenas se separa, mas que depois tudo se une, tudo se transforma em algo novo. A continuidade da vida permanece na semente, na folha que cai, na Alma do homem.

Na cultura Andina, a Mãe-Terra é denominada Pachamama (da língua Quéchua, Pacha significa “mundo”, “tempo”, “lugar”, “terra” e Mama = “mãe”) ou Deusa da Fertilidade, representa a natureza em toda a sua potencialidade. A Grande Mãe que guarda, nutre e protege seus filhos, todos os seres da natureza, sendo também quem os acolhe quando morrem.

Os povos tradicionais andinos reconhecem a importância da Mãe Terra e costumam fazer oferendas a ela como forma de agradecimento. Além de pedirem proteção e boa colheita, também agradecem sua generosidade e abundância. Eles acreditam na reciprocidade, o que se recebe da terra também deve ser a ela oferecido. Ainda hoje os povos andinos, em todo dia 1º de agosto, celebram Pachamama. Um dos rituais mais tradicionais é fazer um buraco na terra e ali depositar os alimentos pelos quais possuem grande estima.

Nos preâmbulos das Constituições da República do Equador e da Bolívia também é feita menção à Pachamama, reconhecendo a sua importância e a necessidade de cuidar dela.

Os hindus a chamam de Prithivi (do sânscrito Pṛthivī), uma das divindades mais antigas, cujo esposo é o pai da criação, Dyaus, o Céu. Da união entre o Céu e a Terra se originaram os deuses da Aurora (Ushas), do Fogo (Agni) e da Atmosfera e Estações do Ano (Indra). Prithivi representa fecundidade, solidez, prosperidade, que nutre e protege suas crias.

Na tradição de matriz africana iorubá, Onilé (chamada também de Aiê ou Ilé) é o orixá que representa a Terra-Mãe, base de toda a vida. É a primeira divindade a ser cultuada no início de algum ritual, um gesto para lembrar e reconhecer seu poder.

Conta a mitologia iorubá que quando Olodumare, o Ser Supremo, reuniu todos os Orixás para determinar com qual parte do mundo cada um ficaria e percebeu que ainda faltava uma atribuição: o governo da Terra. Todos estavam se perguntando a quem seria dado e ele respondeu “Onilé” e pediu que todos olhassem no fundo da cova. Ali estava ela, sua filha mais recatada, que sempre se escondia num buraco na terra quando havia audiências na casa de seu pai. Olodumare disse que cada um que habitava a Terra deveria pagar tributo a Onilé, pois ela era a mãe de todos, o abrigo, a casa. A humanidade não sobreviveria sem Onilé. Afinal, onde ficava cada uma das riquezas partilhadas com os filhos orixás? Olodumare respondeu:

“Tudo está na Terra. O mar e os rios, o ferro e o ouro, os animais e as plantas, tudo. Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris, tudo existe porque a Terra existe, assim como as coisas criadas para controlar os homens e os outros seres vivos que habitam o planeta, como a vida, a saúde, a doença e mesmo a morte.” (PRANDI, 2001, p. 414).

Um exemplo da relação de povos antigos com o nosso planeta também é visto de maneira bela, singela e profunda no discurso proferido pelo Chefe Seattle ao então Presidente dos Estados Unidos, Franklin Pierce, em 1854, em resposta a uma proposta de compra das terras dos Duwamish. Neste discurso, Seattle diz o porquê de não poder vender as terras onde viviam, a razão disso era (resumidamente) que elas simplesmente não as pertenciam. Segundo ele, os seres que ali viviam, eram seus irmãos e a terra era a sua mãe:

“[…] Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal ideia é-nos estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água. Como podes então comprá-los de nós? […] Porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar – animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. […] Tudo está relacionado entre si. Tudo que fere a terra fere também os filhos da terra. […] Se te vendermos nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueças como era a terra quando dela tomaste posse. E com toda tua força, o teu poder, e todo o teu coração – conserva-a para teus filhos e ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.”


Também o líder indígena brasileiro, Ailton Krenak, em Ideias para Adiar o Fim do Mundo, traz agora no século XXI, uma reflexão nesse mesmo sentido, de que não somos seres desvinculados do planeta Terra:

“Fomos, durante muito tempo, embalados com a história de que somos a humanidade. Enquanto isso – enquanto seu lobo não vem –, fomos nos alienando desse organismo de que somos parte, a Terra, e passamos a pensar que ele é uma coisa e nós, outra: a Terra e a humanidade. Eu não percebo onde tem alguma coisa que não seja natureza. Tudo é natureza. O cosmos é natureza. Tudo em que eu consigo pensar é natureza.” (KRENAK, 2019, p. 16-17)


Assim como nossas mães humanas que nos gestam, nos criam e nos enchem de amor e afeto merecem o melhor de nós, nossa querida Mãe Terra, que nos proporciona a experiência de viver e apreciar toda a sua beleza, que nos sustenta com o que hoje chamamos de “recursos naturais” também ela não merece o nosso respeito, amor e maiores cuidados?

Qual o sentido de a chamarmos de Mãe se não nos percebermos como filhos em seu seio, se não nos relacionarmos com ela com profundidade? Talvez tenhamos perdido esse “elo” que nos conecta com a essência da Terra. Como podemos retornar a essa percepção?

Os nossos ancestrais e os povos originários nos ensinam: devemos compreender que também somos Natureza e que cuidar dessa Mãe é nosso dever. Percebermo-nos filhos da Terra, sermos seus colaboradores, isso promove benefícios para todos os seres, pois somos parte dela, não há divisão.

O imperador romano Marco Aurélio questiona: “Não vês que os arbustos, os pequenos pardais, as formigas, as aranhas, as abelhas exercem suas atividades próprias concorrendo, cada um deles, para a ordem do mundo?” Assim, completa ele, também devemos por meio de obras humanas participar da caminhada em favor da natureza.

Não é preciso fazer esforço para constatar que estamos vivenciando sérios problemas ecológicos e beirando a catástrofes, de vários aspectos: climáticos, poluição do ar, do solo, das águas, desmatamentos, excesso de resíduos, dentre inúmeros outros.

Se tem anunciado que o planeta Terra está em crise, que estamos vivenciando uma adversidade climática, um impacto ambiental. Será que não é mais justo dizer que o homem é quem está em crise? Indo mais além, que ele pode ser o motor dessa crise planetária?

O homem vive no planeta Terra, ela é sua casa primeira, sua morada especial. Generosa, nutridora, mantenedora da vida, Grande Mãe que nos acolhe e fornece tudo o que um ser vivo necessita.

Mas essa abundância está cada vez mais sendo encolhida, a água pura das nascentes está constantemente sendo ameaçada pelo lixo indevidamente despejado, pelo desmatamento e o desvio de seu curso, diversas espécies vegetais e animais estão em fase de extinção ou já foram exterminadas. Os sucessivos desastres ecológicos, a mudança severa das condições climáticas, o derretimento progressivo das geleiras nos sinalizam que algo não anda bem.

O desenvolvimento da tecnologia, as inovações na área da informática, as facilitações no âmbito do transporte, todo esse aparato que o mundo tem hoje deve servir para melhorar a vida do planeta, da natureza e do homem. Se esses instrumentos não forem bem utilizados, ou melhor, se quem os utiliza não tiver consciência de coletividade e de universalidade, a vida do planeta será destruída por nossas próprias criações.

Ao longo dos últimos anos, muitos eventos, conferências e convenções internacionais têm chamado atenção para a importância de preservarmos a natureza, com o uso correto da tecnologia. Fala-se em desenvolvimento sustentável, que traz a ideia de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações, harmonizando o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental. As Nações Unidas indicam o que são os chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS:

“Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.” (https://brasil.un.org/pt-br/sdgs)


Mas, nos falta algo. Já temos conhecimento de que nossos atos podem impactar drasticamente o planeta e a vida que nele se manifesta – o que inclui os seres humanos – mas não vemos mudanças significativas para aplacar a desarmonia ecológica que estamos vivenciando.

Falta-nos vida moral. Essa traz consigo a real vontade de melhorar o mundo em que vivemos, não apenas no âmbito físico, mas, principalmente, no que diz respeito à transformação do homem num ser humano melhor. Sem valores, sem ética, sem um caráter bem formado, sem consciência e um sentimento verdadeiro de amor ao próximo e à natureza não há transformação, não há mudança de hábitos, tampouco será possível “desfrutar de paz e de prosperidade”.

Enquanto não tivermos uma educação séria, informativa e formativa, enquanto milhares de pessoas estiverem passando fome e se encontrarem numa situação de miséria física, psicológica e espiritual, não haverão mudanças substantivas no nosso planeta. Não se chega a uma consciência ambiental sem desenvolver uma consciência humana e sem pensar na Terra como um Ser dotado de Alma, como já dizia Platão no Timeu.

Somos “Humanidade” porque formamos uma Unidade. Não podemos esquecer que habitamos o mesmo planeta, que nos encontramos num mesmo Sistema Solar, numa mesma galáxia, integramos o mesmo Universo. A vida se manifesta em sua pluralidade, mas ela é Una, todos estamos conectados e somos criação de uma mesma Mente Divina.

Estamos próximos do Dia Internacional da Mãe Terra, que seja uma oportunidade para refletirmos sobre o que ela representa. A Terra não é apenas uma base que suporta tudo e toda a vida que aqui existe, ela é, sobretudo, um organismo vivo e, como nós, também precisa de todos os elementos naturais para se manter viva. Existe dúvida de que o organismo humano é composto de minerais, água, ar, ou seja, dos mesmos elementos de que a Terra é constituída?

O pensamento de que a Terra é simplesmente um local de onde extraímos os recursos para nossa sobrevivência não condiz com a ferramenta da inteligência da qual o ser humano é portador. Cuidar bem da Terra é preservar a natureza, os seres vivos e a própria Humanidade.

Qual filho não quer manter a sua fonte de nutrição e acolhimento saudável e limpa?

Milhares de anos já se passaram e continuamos instalados no mesmo endereço cósmico. Uma Grande Mãe não abandona seus filhos. Precisamos voltar a nos reconhecermos como tal.

Escrito por correspondentes da Revista Esfinge

Maria Dantas
Émile Penha
Fabrine Lima
Victoria O’Dwyer
Gabriela Ferreira

Bibliografia:

2008 – Ano internacional do Planeta Terra. Disponível em: https://www.uc.pt/rualarga/anteriores/RL21/21_04

Ano internacional do Planeta Terra. Disponível em: http://www.peaunesco-sp.com.br/ano_inter/ano_planeta_terra/apresenta_terra.htm

AURÉLIO, Marco. Meditações. Tradução e notas: Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2019.

BRANDÃO, Junito de Souza. Dicionário Mítico-Etimológico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

Carta Cacique Seattle para o presidente americano. Disponível em: http://biblioteca.funai.gov.br/media/pdf/Folheto43/FO-CX-43-2698-2000.pdf

Céu e Terra. Disponível em: https://www.mahavidyayoga.com.br/textos/64/ceu-e-terra/1

Como as Nações Unidas apoiam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

CONSTITUCIÓN DE LA REPÚBLICA DEL ECUADOR. Disponível em: https://siteal.iiep.unesco.org/sites/default/files/sit_accion_files/siteal_ecuador_6002.pdf

CONSTITUCIÓN POLÍTICA DEL ESTADO – Bolívia. Disponível em: https://www.oas.org/dil/esp/constitucion_bolivia.pdf

GUZMÁN, Delia Steinberg. Os Jogos de Maya. 3ª edição. Belo Horizonte: Edições Nova Acrópole, 2021.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. 1ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

Leyendas y relatos del noroeste argentino: La Leyenda del Algarrobo. Disponível em:
https://revistaacropolis.org/2021/09/18/leyendas-y-relatos-del-noroeste-argentino-la-leyenda-del-algarrobo/

O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável? Disponível em:
https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/

ONILÉ. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Onil%C3%A9

PACHA MAMA. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pacha_Mama

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. 1ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

Reflexiones filosóficas por el Día Internacional de la Madre Tierra. Disponível em:
https://revistaacropolis.org/2022/04/23/reflexiones-filosoficas-por-el-dia-internacional-de-la-madre-tierra/

Tres aspectos fundamentales para entender las civilizaciones americanas. Disponível em: https://revistaacropolis.org/2020/08/12/aspectos-civilizaciones-americanas/

Autor

Revista Esfinge