A falta de Autoridade tem se apresentado como um problema cada vez mais grave. Pais e professores reclamam da dificuldade de estabelecer limites e regras aos mais jovens. Estes, por sua vez, impõem aos adultos seu desejo por mais liberdade e autonomia, e o fazem de forma a romper com todos os padrões pré-estabelecidos. Essa ruptura, no entanto, tem chegado a comprometer as questões mais básicas de convivência, a ponto de muitas vezes tornar insustentável o relacionamento familiar e em salas de aulas.

Chegamos a casos extremos, que infelizmente têm se tornado constantes. Pais que necessitam de ajuda externa, pois não conseguem controlar seus filhos e acabam por estabelecer relações de chantagens e ameaças. Nas escolas, têm crescido assustadoramente as queixas de agressões sofridas por professores e alunos que depredam estruturas e salas de aula. Violência…

A violência tem lugar sempre que não estejam presentes a razão e a inteligência. Então os valores se invertem e promovem um círculo vicioso que leva a situações cada vez piores.

Crianças e jovens têm uma necessidade natural de aventuras, de testar seus limites para desenvolver seu potencial. Precisam de movimento, gostam de novidades e de fazer descobertas. Querem realizar façanhas e conquistas. Existem modelos heróicos, mitos universais presentes em todas as épocas, que canalizam essa força e essas tendências naturais num sentido correto, bom, nobre. Mas se isso não é transmitido aos jovens, se não lhes é dada a oportunidade de vivenciar tais ensinamentos, essa mesma tendência irá se manifestar por outros caminhos. O ímpeto de viver intensamente irá escoar através dos instintos mais baixos de forma desordenada, seguindo os estímulos gerados atualmente que promovem no ser humano a busca do prazer e do comodismo a qualquer preço.

Ser autoridade em alguma coisa implica em saber, dominar o assunto e poder ensinar. Crianças e jovens possuem uma necessidade natural de liderança. A figura de um sábio, forte e admirável, a quem eles queiram imitar, com quem eles possam aprender. Na falta deste, surgirão os modelos tortos daqueles que se destacam à custa da ignorância das opiniões vulgares, ou que se promovem subjugando os demais.

E quando a rebeldia se instala, acaba-se optando por duas saídas. Num extremo, impõe-se uma autoridade falsa e tirânica, que gera ainda mais revolta e violência, no outro, demonstra-se fraqueza e insegurança, cedendo espaço às imposições dos mais jovens em nome de uma pretensa paz, que oculta em si as raízes de uma crescente agressividade.

Quando existe um laço de respeito e admiração, a obediência não é compulsória, mas sim consciente e natural. Mas para que se forme um laço, são necessárias duas pontas. É preciso dar o melhor e estar aberto para acolher também o melhor dos demais. Aí então, forma-se um círculo virtuoso, onde as virtudes se potencializam.

Comecemos por nós adultos. Cabe a nós a atitude necessária para reverter essa atual crise de autoridade, que não é senão, um reflexo da crise de valores que vivemos hoje.

Comecemos por nos tornarmos melhores para sermos melhores referenciais para os nossos jovens. Conquistemos seus corações com uma autoridade natural, fruto de uma moral elevada e do exercício de nossas melhores faculdades.

Autor

Revista Esfinge