Apresentamos um pequeno guia do Grupo de Ecologia Ativa – GEA – para que as pessoas se relacionem de uma maneira menos agressiva com a Natureza. O objetivo é que nossa atuação, por e para a vida, não seja às custas dos demais seres.

Este guia não está completo, mas tem um certo senso comum e coerência com nossas atitudes. Quando levado à prática, com perseverança, tem efeitos positivos imediatos em nosso próprio equilíbrio e saúde, e no equilíbrio e saúde do nosso entorno.

A ação individual pode sustentar-se por quatro pilares:

Demanda racional e sustentável de recursos naturais;

Redução de resíduos e poluentes;

Regeneração de espécies e espaços deteriorados;

Conservação de espécies e espaços naturais.

Demanda racional e sustentável de recursos naturais

Para levar a cabo o conjunto de atividades necessárias para uma vida social e individual dignas, é imprescindível que empreguemos recursos naturais, sejam matérias-primas ou recursos energéticos. Para que esta demanda produza o menor impacto, deve cumprir com um critério de racionalidade e de sustentabilidade.

Racionalidade

Definir o marco de atuação e objetivos que me desenvolvam como ser humano completo.

Reduzir o consumo ao mínimo necessário para alcançar estes objetivos.

Sustentabilidade

Consumir a um ritmo que permita a regeneração ou reposição do recurso, de tal maneira que continue suficiente para as gerações futuras.

Estes critérios de racionalidade e sustentabilidade têm um âmbito de aplicação individual (na esfera de decisões e atuações pessoais) e coletivo (tanto pelas decisões e atuações administrativas que afetam a sociedade, como pela soma das atuações individuais).

De qualquer forma, nunca poderemos abdicar da nossa responsabilidade individual, independentemente da realidade da Administração Pública.

O efeito da nossa ação individual é imediato e acumula-se com os efeitos das ações dos demais cidadãos.

Nossa ação pode se concretizar em:

Buscar metas e objetivos que desenvolvam e potencializem o melhor de nós mesmos. Com isso se consome menos.

Reduzir o consumo de energia.

Economia com eletricidade

Usar lâmpadas de baixo consumo, que consomem 20% e duram oito vezes mais do que as normais. Uma lâmpada de baixo consumo, de 11-15 W, pode economizar por volta de R$140,00 e evitar a emissão de quase 500 kg de CO2 à atmosfera.

Usar as máquinas de lavar louça e de lavar roupa com o máximo da sua capacidade, programas curtos e com baixa temperatura.

Descongelar a geladeira antes que a camada de gelo supere os 3 mm de espessura. Assim, pode-se conseguir uma economia de até 30%. Ajustar o termostato para uma temperatura de 6ºC no compartimento de refrigeração e -18º C no congelador.

Escolher eletrodomésticos com alta eficiência energética (A-B).

Desligar luzes e eletrodomésticos que não estão sendo usados.

Aparelhos em stand by também consomem.

Fogão à gás é melhor que o elétrico.

Vitrocerâmico à gás é melhor que vitrocerâmico à indução e esta, por sua vez, é melhor que as vitrocerâmicos elétricos normais.

Economia em calefação ou climatização.

Isolar paredes para evitar perdas de calor.

Janela dupla ou vidro. Instalar toldos, fechar cortinas e descer as persianas para evitar que se perca calor no inverno ou que se esquente a casa no verão.

Programar a climatização para que não haja uma diferença de temperatura superior aos 12ºC em relação ao exterior.

Ventilador é melhor que ar condicionado.

Se o ar condicionado for imprescindível, racionalizar seu uso.

Evitar a calefação elétrica. Os melhores sistemas de calefação são, nesta ordem:

• Solar térmico

• Biogás

• Biomassa

• Gás butano

• Propano

• Gás natural

Reduzir o consumo de água.

Consertar vazamentos. Uma gota por segundo supõe um gasto de 30 litros diários.

Colocar difusores de água nas torneiras.

Um banho mais rápido em vez de um demorado.

Fechar a torneira quando não se está usando.

Não jogar objetos no vaso sanitário.

Usar lava-louças e máquinas de lavar roupas no máximo da sua capacidade.

Não descongelar os alimentos sob a água da torneira.

Lavar o carro com balde e esponja ao invés de usar a mangueira.

Regar as plantas do jardim ou vasos sem encharcá-los. Se for possível, instalar sistemas de irrigação por gotejamento.

Consumo responsável

Comércio justo. Que ganhe aquele que mais necessita.

Consumo de produtos locais e frescos. Certamente colocarão no mercado com menor gasto energético e de embalagem, e com menos conservantes.

Consumo de produtos reciclados e recicláveis. Se for possível, escolher produtos que não sejam de apenas um uso. Exemplo: guardanapos de tecido e louça de vidro em vez dos guardanapos de papel e pratos de plástico.

Consumo imprescindível. O que vou comprar é necessário?

Aparelhos elétricos: escolher os de maior eficiência energética. Em todas as etiquetas aparecem alguns códigos de eficiência que vão desde o A (maior eficiência) até o F (eficiência nula).

Em igualdade de uso, escolher os produtos com menor quantidade de embalagem, menos tóxicos e mais duradouros.

Não buscar soluções químicas para tudo. Recuperar receitas caseiras para substituir muitos produtos de limpeza.

Cuidar e conservar os móveis. Comprar móveis com madeira certificada ou madeira reutilizada, ou móveis de vime.

Aproveitar bem o papel. Suprimir o gasto desnecessário de envoltórios e cartões.

Evitar o consumo de pilhas. Usar pilhas recarregáveis.

Aproveitar bem tudo o que compramos.

Na alimentação, consumir na medida do possível produtos derivados da agricultura e pecuária, que respeitam o meio ambiente (produção ecológica ou produção integrada).

Evitar o consumo de alimentos transgênicos, ou com muitos aditivos.

Recuperar bons hábitos alimentícios: menos carne e mais verduras e legumes. É mais saudável e utilizam menos recursos (terra fértil, água e fertilizantes e praguicidas) para produzir vegetais do que carne.

Escolher as espécies de peixe obtidas por artes seletivas (como a merluza pescada com anzol), e animais de granja criados por métodos não intensivos. Não consumir espécies proibidas, nem as que não tenham a idade mínima. Interessar-se pelo itens que tenham alguns dos requisitos assinalados anteriormente. O vendedor tomará nota.

Redução de resíduos e poluentes

Paralelamente em conseguir viver com menos consumo de recursos naturais e de energia, é necessário reduzir a quantidade de resíduos e poluentes que produzimos, assim como, conseguir que a maior quantidade possível destes resíduos se incorporem aos circuitos de reciclagem e recuperação.

De início, se reduzimos nosso consumo, também estamos baixando a produção de resíduos. Não obstante, devemos levar nossa atenção para os seguintes pontos:

Antes de jogar fora alguma coisa, pensar se tem proveito para outras pessoas.

Separar nosso lixo doméstico.

Papel e papelão nas lixeiras próprias.

Vidro (garrafas e copos) nas lixeiras próprias.

Embalagem de plástico, latas e tetra paks nas lixeiras corretas. Para cada duas toneladas de plástico reciclado se economiza uma tonelada de petróleo.

Os diferentes tipos de pilhas nas lixeiras públicas ou comércios.

Medicamentos e radiografias geralmente em farmácias.

Bens de consumo de informática em lojas.

Móveis, colchões e grandes volumes em geral. Centros de coleta ou sistemas municipais de coleta.

Produtos químicos (limpadores, pinturas, vernizes, etc.) em centros de coleta.

Óleos usados em veículos, nas oficinas.

Eletrodomésticos em centros de coleta ou sistemas municipais de coleta.

Aparelhos eletrônicos, telefones celulares e computadores. Em centros de coleta, lojas, ONGs.

Reduzir a poluição atmosférica (mudança climática).

Qualquer sistema de redução do consumo de energia reduz a contaminação atmosférica.

O produto reciclado reduz a contaminação atmosférica, ao diminuir a energia necessária para voltar a fabricar os produtos.

Caminhar a pé, de bicicleta ou usar transporte público.

Se utilizar o carro:

Procurar compartilhá-lo com os colegas de trabalho.

Fazer uma boa revisão e manutenção do motor.

Revisar a pressão de ar nos pneus.

Usar as marchas longas o máximo possível, sem acelerações.

Desligar o motor em paradas contínuas.

Usar o ar condicionado só se for imprescindível.

Incluir nos critérios de seleção de um carro novo, o grau de consumo, seus níveis de emissão e a possibilidade de usar motores híbridos ou com emprego de biocombustíveis.

Na medida do possível, não utilizar aerossóis.

Reduzir a contaminação da água.

Não jogar produto químico, que não seja biodegradável, pelos desaguamentos.

Ser comedido no uso de detergentes, géis e sabões.

Muita precaução com as pilhas. Uma só pilha pode contaminar quase meio milhão de litros de água.

Procurar sempre alternativas ao consumo de produtos tóxicos.

Regeneração de espécies e espaços deteriorados

Este tipo de atividade é mais limitada porque requer coordenação e assessoramento de especialistas. Muitas atitudes só podem ser efetivadas com autorização prévia da autoridade competente. Portanto, recomendamos alguns pontos:

Em primeiro lugar, é importante perceber que a regeneração de ecossistemas alterados também depende de nós.

Para isso, podemos colaborar com os projetos que colocam em marcha muitos grupos conservacionistas.

A colaboração pode ser através de trabalho voluntário, contribuições financeiras, etc.

Se temos um jardim ou um pedaço de terra, podemos plantar espécies autóctones, de tal maneira que possam servir de suporte para pequenas comunidades faunísticas. Também podemos colocar ninhos, comedouros, açudes para anfíbios ou qualquer dispositivo que ajude a instalação e permanência de fauna silvestre.

O consumo de alimentos ecológicos ajuda a regenerar agrossistemas, pois o agricultor ecológico se vale da biodiversidade para, futuramente, tirar seu cultivo.

Conservação de espécies e espaços naturais

Como no tópico anterior, este também um âmbito especializado, que deve ser deixado nas mãos de especialistas e autoridades ambientais. No entanto, devido ao uso que fazemos da Natureza, através de atividades ao ar livre, é imprescindível seguir instruções básicas de comportamento para evitar a deterioração ambiental nos espaços naturais onde desenvolvemos nossa atividade.

Evitar qualquer comportamento que compreenda um risco de incêndio, por mínimo que seja: não acender fogueira nos espaços naturais, não jogar vidros ou objetos suscetíveis de gerar labaredas ou fontes de calor, não jogar bitucas de cigarros, e no geral, seguir escrupulosamente todos os conselhos para prevenir incêndios florestais.

Não deixar sobras de nenhum tipo.

Se praticamos esportes ao ar livre, não produzir alterações na vegetação, nem na estrutura do solo.

Não realizar nenhuma atividade (como deixar o solo desprovido de proteção) que possa favorecer a erosão.

Não jogar nenhum material tóxico, por menor que seja.

Não arrancar plantas, não tirar suas flores e sementes, nem matar pequenos animais.

Não alterar estruturas que possam servir de refúgio ou habitat para animais ou plantas.

Se possível, caminhar por trilhas.

Na praia, não alterar a paisagem, por simples que isso possa parecer. Não alterar as dunas, respeitar a vegetação. Não coletar pequenos animais nem conchas. Não retirar as algas.

Em qualquer lugar, não soltar animais exóticos ou não pertencentes à fauna local.

Se queremos nos desfazer de um bicho de estimação, entregá-lo a um local próprio ou centro de proteção.

Informar à autoridade civil mais próxima qualquer delito contra o meio ambiente, assim como, sobre qualquer situação anômala ou acidental que possa gerar deterioração da Natureza.

Manuel J. Ruiz

Autor

Revista Esfinge