O Efeito Mozart. Assim a imprensa americana denominou os resultados que a Universidade da Califórnia obteve após numerosos experimentos, cujo núcleo foram as reações psico-mentais dos indivíduos ante a música de Mozart. Após contrastar a resposta de um número de alunos que escutavam Mozart com a de outros que escutavam outra música ou simplesmente nada, a conclusão foi que quem escutava a mensagem musical de Mozart obteve um considerável acréscimo nos índices de seu coeficiente de inteligência. Se bem que todos os estilos musicais ativam as zonas do cérebro associadas com as emoções, a de Mozart atuava também sobre áreas que processam o raciocínio.

Embora esses experimentos se tenham baseado na audição de uma de suas sonatas para dois pianos, a KV 488, não se poderia deixar passar a ocasião de escrever sobre as obras mais difundidas que não deveriam faltar na coleção de qualquer aficionado pela música de Mozart, não apenas por seus efeitos, mas pela maravilhosa companhia que ela supõe.

Primeiramente, a “Pequena serenata noturna” (Eine kleine Nachtmusik) KV 525. Essa obra é, talvez, a mais interpretada e conhecida de toda a obra Mozartiana. No entanto, não há uma só palavra, nota ou carta, que ajude a conhecer sua gênesis, salvo a do catálogo pessoal do autor, no qual escreve a data de composição (10 de agosto de 1787), e o molde instrumental. Uma lembrança das plácidas músicas noturnas de Salzburgo?

As sinfonias também são um gênero a se destacar. Mozart escreveu nada menos que 41 sinfonias. Desde a de número 1, KV 15, escrita em Londres quando tinha 8 anos, até a de número 41 (Júpiter), escrita em 1788 quando tinha 32 anos, há um longo período de tempo e experiência. Provavelmente a sinfonia nº 40 KV 550 seja a mais difundida. Foi escrita, junto com a 39 e a 41, no incrível intervalo de dois meses, numa casa próxima a Viena, na qual ficou durante uma época turbulenta. Einstein achou essa obra fatalista, Berlioz a considerou cheia de graça e delicadeza. Schuman achou a obra plena de agilidade e encantos gregos.

Com relação aos concertos para diversos instrumentos, deve-se dizer que o gênio Mozart escreveu música para todos os instrumentos possíveis, inclusive para aqueles que começavam a ter um lugar no quadro orquestal, como foi o caso do clarinete.

Mozart escreveu vários concertos para violino. Embora lhe atribuam pelo menos 8, apenas 5 deles são autênticos. Foram compostos em Salzburgo entre abril e dezembro de 1775, quando Mozart tinha apenas 19 anos.

Mozart era um extraordinário violinista, embora não fosse seu instrumento predileto, preferia aparecer nos concertos como solista de piano. De fato, tocou primeiro violino (concertino) enquanto esteve a serviço do arcebispo de Salzburgo. Depois, deixou o violino “pendurado”, como escreve seu pai. Os cinco concertos são belíssimos, embora provavelmente seja o concerto nº 5 em Lá Maior KV 219 uma das mais célebres graças.

Quanto aos seus concertos para piano e orquesta, Mozart escreveu 27, o último concluído no mesmo ano da sua morte. Talvez o mais conhecido seja o nº 21 KV 467, especialmente seu andante. Esse concerto foi finalizado em Viena em março de 1785 e estreado no dia seguinte, sendo o próprio Mozart o intérprete. Em janeiro desse ano, o pai de Mozart, Leopoldo, viajou de Salzburgo a Viena para visitar seu filho. Na noite em que ele chegou, Wolfgang estreou “um novo concerto muito belo”. Era o concerto nº 20 KV 266, que Mozart havia terminado no mesmo dia da estréia e que, como de costume, não teve tempo de ensaiar. No entanto, Leopoldo escreveu para sua casa dizendo: “o concerto foi incomparável, e a orquesta tocou esplendidamente”.

No dia seguinte, Haydn foi visitar Mozart e Leopoldo e lá escutou um dos quartetos para cordas que Mozart tinha terminado recentemente e que pretendia dedicar-lhe. Ao acabar, Haydn disse a Leopoldo: “Digo-lhe ante Deus, como homem honesto, que seu filho é o maior compositor que conheço, pessoalmente ou de nome. Tem bom gosto e, além disso, o máximo conhecimento em composição”. Em 9 de março, um mês depois da estréia do concerto nº 20, Mozart havia terminado o concerto nº 21 em Dó Maior KV 467, que foi estreado no dia seguinte com grande êxito. É o apogeu da reputação de Mozart como compositor para piano e como virtuoso do piano. Muitos jovens músicos o admiram e buscam seus conselhos. E é também um momento de fervor e militância ativa na maçonaria. Em 26 de março, se inicia no grau de companheiro e um mês depois no grau de Mestre. Em 11 de fevereiro, participou da iniciação no grau de aprendiz do seu mestre e amigo Josef Haydn, e antes que seu pai voltasse a Salzburgo, fez gestões para a adesão deste à sua loja.

Sebastián Pérez

Autor

Revista Esfinge