Tanto a ciência como a mitologia reconhecem a origem da vida na água. Mas

a água é tão simples como aparentemente a consideramos, ou é algo mais complexo?

Mª Ángeles Castro Miguel

Parece claro que a água não apenas dá origem à vida, mas que além disso, protege a vida. Nesta proteção devemos incluir as condições necessárias para seu desenvolvimento e a capacidade de purificar e curar, que é também uma forma de proteção.

A influência da água na vida do nosso planeta é profunda e determinante. A Terra é singular entre os planetas do nosso Sistema Solar, principalmente devido aos seus enormes oceanos de água. Se aparecerem formas de vida em outras partes do Universo, é improvável que se assemelhem às da Terra, a menos que sua origem seja também um lugar em que existam grandes quantidades de água líquida disponível.

Propriedades físicas

A água possui várias propriedades físicas pouco habituais, o que a torna muito adequada para ser o meio no qual se desenvolva a vida. Estas propriedades estão diretamente relacionadas com sua estrutura molecular.

A molécula de água (H2O) está formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Tem uma geometria quase tetraédrica devido à forma dos orbitais externos do oxigênio, que formam um tetraedro (orbitais híbridos sp3 ). Não obstante, dois destes quatro orbitais contêm um elétron procedente do oxigênio e outro do hidrogênio, que se compartilham, enquanto que os outros dois contêm dois elétrons, sem compartilhar, auxiliados pelo oxigênio. O átomo de oxigênio se encontra no centro desse tetraedro e, ao ser mais eletronegativo que o de hidrogênio, atrai para o seu núcleo o par de elétrons compartilhados com este, de maneira que dois dos braços do tetraedro são mais curtos. Isso faz, além disso, com que a molécula de água seja polar, de forma que o ângulo formado pelo átomo de oxigênio e os dois átomos de hidrogênio seja de 104,5º, ao invés dos 109,5º que lhe corresponderiam se fosse um tetraedro perfeito.

A molécula de água é, pois, um dipólo cuja carga negativa se encontra sobre o átomo de oxigênio, enquanto que a positiva está sobre os átomos de hidrogênio. Isso possibilita que um dos pares de elétrons, sem compartilhar uma molécula de oxigênio, atraia um átomo de hidrogênio (com densidade de carga positiva) de outra molécula distinta, formando uma ligação que se denomina “ligação de hidrogênio” ou “ponte de hidrogênio”. Esta ligação é mais fraca que a ligação covalente que se estabelece entre o oxigênio e o hidrogênio dentro da mesma molécula de água e se rompe (ou se forma) com facilidade.

Não obstante sua relativa debilidade, entre as moléculas de água se forma um grande número destas ligações, o que estabiliza as macromoléculas; isto é, estas ligações ordenam a água em agrupamentos de moléculas que se rompem e se formam constantemente quando a água é líquida, enquanto que ficam fixas quando é sólida, formando verdadeiras redes cristalinas. A capacidade das ligações de hidrogênio de se formarem e de se romperem dota as moléculas de água da flexibilidade necessária para que se produza o fluxo rápido de informação que tem lugar nos seres vivos. Ademais, as pontes de hidrogênio são a causa de algumas das propriedades físicas extraordinárias que a água apresenta.

O ordenamento quase tetraédrico dos orbitais ao redor do átomo de oxigênio permite que cada molécula de água forme ligações de hidrogênio com até quatro moléculas de água vizinhas. No entanto, na água líquida à temperatura ambiente e à pressão atmosférica, as moléculas de água estão em movimento contínuo, de forma que cada uma delas forma pontes de hidrogênio com uma média de apenas outras 3,4 moléculas. No gelo, pelo contrário, cada molécula de água está fixa no espaço e forma pontes de hidrogênio com outras quatro moléculas de água, dando lugar a uma estrutura reticular regular.

A ruptura de um número de ligações de hidrogênio suficiente para desestabilizar a rede cristalina do gelo requer muita energia térmica, o que explica o ponto de fusão relativamente elevado da água, com relação ao que corresponderia à sua estrutura e peso molecular. Esta mesma explicação pode ser aplicada também ao seu elevado ponto de ebulição e constitui a causa de a água ser líquida à temperatura ambiente.

Quando o gelo se funde ou quando a água evapora, absorve-se uma grande quantidade de calor por parte do sistema, o que possibilita a regulação de temperaturas, tanto nos seres vivos (através da transpiração) como nas zonas da Terra que se encontram próximas ao mar. Pois a água tem uma capacidade calorífica anormalmente alta, o que provoca a necessidade de uma quantidade relativamente elevada de calor para aumentar um grau da sua temperatura, e isto tem como conseqüência o resfriamento do ambiente. Este é o mesmo fenômeno que ocorre quando, no verão, regamos o solo: a água que se evapora absorve calor no processo e, como conseqüência, o ambiente fica mais fresco.

Ao se formar o gelo, estrutura-se totalmente a rede cristalina, e ele aumenta de volume, diminuindo sua densidade, o que faz com que o gelo flutue na água, quando deveria ser mais denso ao se solidificar, como ocorre com outras moléculas que não apresentam o sistema de pontes de hidrogênio da água. A capa de gelo que flutua na superfície serve como isolante do frio exterior e, ao mesmo tempo, o calor que se desprende na sua formação mantém a temperatura da água e possibilita a vida em mares e lagos gelados.

O alto grau de coesão interna da água líquida, devido às pontes de hidrogênio, é aproveitado pelas plantas como meio adequado para transportar nutrientes dissolvidos das raízes até as folhas durante o processo da transpiração.

Por outro lado, a água é um solvente biológico ideal, já que dissolve com facilidade uma grande diversidade de constituintes dos seres vivos, devido a sua polaridade e a sua capacidade de formar pontes de hidrogênio, o que favorece os intercâmbios. Sua incapacidade para dissolver moléculas apolares torna possível a formação de estruturas supramoleculares como, por exemplo, as membranas e numerosos processos bioquímicos, dentre eles a duplicação das proteínas. Uma propriedade que a água também apresenta é que se é deixada fluir livremente por um plano inclinado, forma um caminho em espiral. Lembremos que mais de 70% do peso da maioria dos organismos vivos é água.

A memória da água

Alguns cientistas lançaram a hipótese de que a água pode registrar na sua estrutura toda a memória da vida sobre a Terra em forma de radiações eletromagnéticas. Esta hipótese da memória da água tem seus defensores e seus detratores. A menos que se possa falsificar uma grande quantidade de dados, existem fatos que provam a existência dessa memória.

Um exemplo disso é a homeopatia e os “Florais de Bach”. Ambas as técnicas funcionam com níveis de diluição extremos. No entanto, seus efeitos foram experimentados por uma grande quantidade de pessoas. E não apenas isso, mas também houve experiências com animais, onde se elimina o possível efeito devido à sugestão.

Como não é possível um efeito físico-químico devido à ausência total de substância, temos que pensar num efeito energético ou eletromagnético.

Jacques Benveniste, doutor em Medicina, diretor de investigações do INSERM, afirma que a água pode armazenar informação eletromagnética e biológica. A mensagem molecular, que é de natureza eletromagnética, é transmitida e memorizada pela água polarizada. Em um de seus experimentos, o Dr. Benveniste conseguiu projetar sobre a superfície da água a imagem luminosa, eletromagnética (sua freqüência de vibração) do curare (veneno neurotóxico). No seu laboratório, esta água foi dada para algumas ratas beberem, e elas, em pouco tempo, morreram com os sintomas próprios de envenenamento por esse composto. Além do mais, no ano 1995, Benveniste conseguiu gravar o sinal molecular num ordenador, e em 1996 esse sinal gravado pôde ser transmitido de Paris a Chicago. Quando este sinal transmitido se difundiu na água, foram provocadas as mesmas reações biológicas que quando a molécula emissora estava fisicamente presente.

O cientista japonês Masaru Emoto realizou milhares de fotografias de cristais de gelo provenientes de águas submetidas a diferentes circunstâncias ambientais, e comprovou que:

– Quando a água provém de zonas limpas, como por exemplo dos glaciais alpinos, a cristalização se produz em formas harmônicas e de grande beleza.

– O mesmo ocorre quando a água se submete ao som de música clássica.

– Este efeito positivo acontece também ante o som de palavras como gratidão, amor, etc.

– No entanto, quando os sons procedem de música como “heavy metal”, a água cristaliza em estruturas amorfas e caóticas.

– O mesmo ocorre quando a água que se solidifica procede de ambientes contaminados, como, por exemplo, do fundo do rio Ganges.

– Este mesmo comportamento se observa quando a água se submete ao som de palavras como ódio, egoísmo, etc.

No Centro de Estudos de Flocos de Neve da Califórnia, reconhece-se que nenhum floco de neve é igual a outro, porque, ao cair das nuvens, nenhum percorre o mesmo caminho.

Certamente, se a água pode guardar memória do bom, também poderia guardar do mau, o que indicaria que estamos recebendo constantemente uma influência negativa devido ao nível de contaminação física, psíquica e mental que a humanidade produz.

Propriedades terapêuticas

Alguns procedimentos curativos se baseiam na semelhança da composição do plasma sangüíneo e da água do mar, como os elaborados por René Quinton. Ele chegou a demonstrar que algumas enfermidades poderiam ser curadas através de banhos na água do mar, ingerindo-a em pequenas doses ou substituindo o plasma sangüíneo por ela, devidamente tratada.

Mas, quanta água do mar resta sem ser contaminada? Esta analogia entre a composição dos seres vivos e a água marinha parece dar razão àqueles filósofos que pensam que todos nós formamos parte de um imenso organismo vivo chamado Universo.

A água em boas condições é a melhor medicina preventiva. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada dia morrem mais de 300.000 pessoas em todo o mundo devido a enfermidades hídricas. Além do mais, nos países pobres do terceiro mundo, 80% das enfermidades são devidas à carência de água ou à sua contaminação.

A capacidade que a água tem para acumular informação em forma de energia permite-lhe armazenar diversos tipos dessa energia: cósmica, sonora, luminosa, elétrica, magnética, cinética…

Desta forma, obtêm-se diversas águas terapêuticas, como a “água ativada”, magnetizada, mesmerizada, irradiada cosmicamente, energizada, solarizada, sonorizada.

Estas águas apresentam notáveis efeitos terapêuticos para numerosas enfermidades, motivo pelo qual são utilizadas em muitos hospitais, o que é uma mostra de sua eficácia. Vários investigadores adquiriram um grande prestígio neste terreno, como Peter Gross, Felicísimo Ramos, Jacques Benveniste, Johan Granders e Feydoon Batmanghelidj, entre outros.

Simbolismo

No Egito, concretamente em Heliópolis, acreditava-se que todos os deuses haviam sido gerados pelo caos Nun, uma espécie de oceano primordial. Era representado como um ser com meio corpo submergido nas águas primordiais, sustentando com seus braços a barca que carregava todos os deuses. Naturalmente, os deuses davam nascimento aos demais seres da Natureza. O Nilo também foi divinizado como origem e portador da vida do Egito a nível terrestre e celeste.

O simbolismo complexo da água também passa pela Grécia e Roma. Para os gregos, Poseidón, que em Roma foi chamado de Netuno, era o deus do mar, das ilhas e das costas. Gobernava seu império com uma calma imperturbável. Desde o fundo dos mares, onde era sua morada, sentia tudo o que ocorria na superfície das ondas e restabelecia a ordem se sua região era perturbada pelas tempestades. Às vezes recorria à metamorfose, mas sob seus diferentes aspectos, quase sempre conservava seu caráter de força e impetuosidade. As águas também são fortes e podem destruir os materiais mais duros, e também elas transformam constantemente a paisagem, de forma que nada que esteja submetido a sua influência permaneça igual.

Anfitrite era a esposa de Poseidón. Geralmente, era representada passeando numa concha sobre as águas, arrastada por golfinhos ou cavalos marinhos. Além do mais, portava um cetro de ouro como emblema de sua autoridade sobre as ondas do mar.

Para os romanos, a “Fons” é a personificação da divindade das fontes e das “águas vivas”, onde habitam as ninfas. Desde muito tempo, em Roma teve muita importância o culto às fontes. As “águas vivas” eram consideradas purificadoras e eram utilizadas em ritos e cerimônias. Os romanos as colocavam em pias, um pouco antes da entrada aos templos.

Os ritos do batismo têm um duplo sentido: de morte e de ressurreição, de purificação e de cura. Este rito já é encontrado nas cerimônias dos antigos caldeus, no Egito (acredita-se que o sarcófago fazia as vezes da pia de batismo) e também em Elêusis, onde eram realizados nos reservatórios do Templo. É o rito purificador que Juan, o Batista, realizava no rio Jordão e que continua na liturgia cristã.

O cristianismo consagra as fontes e mananciais aos santos e virgens. Daí as invocações à Virgem da Fuensanta, ou à Virgem das Águas-Santas, por exemplo. Estas virgens sempre estão relacionadas com curas, proteção contra secas, inundações e outros perigos, como mortes em batalha, mas sempre protegendo a vida, como a água faz. No entanto, quando se realiza a análise da água, não se encontra nada significativo na sua composição. Isso parece reforçar a idéia de um componente energético que registra e transmite a informação.

A água, como fonte de vida, também é relacionada com a maternidade e, portanto, com o feminino. Desta forma, quase todas as deusas dos distintos panteões estão relacionadas com essas duas características que se fundem entre si. Os antigos gregos chamaram Gea à Mãe Terra, e nela vivemos graças a sua matriz aquática. Nós também nos desenvolvemos e nascemos imersos na água salgada e cálida, no ventre materno, no nosso pequeno mar individual, porque Gea é tão generosa que nos dá a imensidão do oceano a cada um.

De que forma respondemos a isso?

Mensagens da água.

A beleza oculta da água.

Autor: Masaru Emoto.

Ed. La Liebre de Marzo. Barcelona 2003.

Mensagens da água é o resultado dos trabalhos de análise da água de diversos países e procedências através da utilização de ressonância magnética.

Isso permite a observação do HADO (energias sutis relacionadas com a consciência) e nos mostra, com magníficas imagens da água cristalizada, obras de arte, como ela é influenciada por diversos fatores como a música ou a consciência das pessoas.

A obra evidencia que os pensamentos e as emoções podem alterar a estrutura molecular da água e nos fazem compreender a forma tão íntima em que estão conectados os seres humanos e o Universo.

Autor

Revista Esfinge