A Ordem do Templo tinha por objetivo salvaguardar os santos lugares. Isso fez com que a lenda a associasse à busca e custódia de relíquias sagradas. De fato, em um de seus primeiros emprazamentos, no que hoje é a mesquita de Al-Aqsa, na esplanada do que fora o antigo templo de Salomão, se encontrava o Sancta Sanctorum em que se guardava a arca da aliança. Suas crenças sincréticas, extraídas inclusive de outras tradições, seus rituais, próprios de sociedades secretas, sobre os quais revelaremos seu sentido, sendo especialmente esclarecedores com aqueles que motivaram sua sentença. Ou, para citar alguns de seus maiores enigmas a imagem de Bafomet, lhes fazia diferenciar-se da ortodoxia católica. Tudo isso, somado à fragilidade teológica que arrastava em origem sua fundação – dada sua natureza de monges e guerreiros, em contradição por tanto, com a mensagem pacificadora e amorosa de Cristo – seria sem dúvida a origem de sua queda.
Uma vez perdida a confiança da Igreja em 1307, Clemente V em conivência com o ambicioso monarca Felipe, o Belo, decidem pôr fim a seus dois séculos de história.
Introdução
Os Templários não entenderam que sua incumbência fora, exclusivamente, a defesa do catolicismo no Oriente, diferenciando-se neste sentido dos cruzados. Sua finalidade em contrapartida do que comumente pudesse parecer, foi salvaguardar a fé religiosa e a proteção dos lugares santos. Porém, tanto das mesquitas e sinagogas quanto dos templos cristãos. O que lhes ocasionou a animosidade da Igreja.
Trabalharam pela aproximação das religiões. De certa forma aspiraram criar as bases de uma religião universal, embora tenham fracassado, pois como projeto sincrético era demasiadamente avançado para a época. Algo assim só pode ser concebido ante uma humanidade que tenha ampliado seus níveis de consciência e alcançado a tolerância necessária em termos sociais e religiosos.
Isso não impediu que mantivessem contatos com o mundo do Islã, especialmente com organizações de mesmo caráter. Como o caso de seu equivalente islâmico, os Assasins, proveniente do termo Assaça (que significa guardião). Os guardiões da luz islâmica, como eram conhecidos. Herdeiros, neste sentido, do esoterismo islamita transmitido por Ismael, o segundo filho de Abraão, de maneira análoga ao que Isaac fora para judeus e cristãos. Deles provém completamente invertido o termo assassino, que originalmente seria interpretado como valentia, especialmente por sua implacabilidade em combate. Assim como os Templários. Formaram uma ordem místico-religiosa que tinha por objetivo a defesa dos lugares santos e com os quais chegaram a manter importantes contatos internos.
Para pôr fim a esta excessiva abertura religiosa, a Igreja francesa chegou a dar instruções à Ordem do Templo para aceitar a admissão de todo católico que a solicitasse, sem levar em conta sua condição nem moralidade. E inclusive se chegou a decretar que todo cristão que fora excomungado poderia redimir-se de suas faltas listando-se na ordem. Conscientes do perigo que tal medida poderia supor, os dignitários mostraram sua desconformidade ao Papa resolveram, reunidos em um conclave na Palestina, desclassificar a todo candidato que houvesse sido admitido segundo as novas diretrizes da Igreja.
Sob a direção do grande mestre da ordem, Jacques de Molay, as tensões se intensificaram com o papa Clemente V. A França naquele momento era governada por Felipe, o Belo, quem lhes invejava as riquezas, temia por seu enorme poder e não lhes perdoava o fato de ter negado o ingresso a um de seus filhos. Teve então a idéia de condenar-lhes por heresia e práticas blasfemas. Em 13 de outubro de 1307 foram presos numerosos cavaleiros, com a aprovação da Igreja, dando início ao final da Ordem.