Segundo as tradições dos índios Hopi, a história da humanidade está dividida em períodos a que chamam “Mundos”. São ao todo sete, agora estamos no quarto. O nome com o qual se conheceram os aborígenes do Novo Mundo, após o erro inicial de Colombo, ao pensar que o território aonde havia chegado era a Índia, foi o de “índios americanos”. Foram classificados por muitos nomes e adicionados a muitas culturas, porém quase todos os antropólogos são de opinião que sua origem é asiática, que a maioria chegou cruzando o estreito de Bering e que sua migração começou provavelmente desde o final do Pleistoceno.

Esse foi um período da era quaternária que sucedeu ao Plioceno da terciária. É o período geológico mais recente, e se considera, geralmente, que durou aproximadamente um milhão de anos. Foi caracterizado pelas grandes variações climáticas e a extensa glaciação do hemisfério norte, o que fez a humanidade afetada migrar durante milhares de anos. Supõe-se que teriam levado consigo toda a sua cultura, superior apenas à existente na idade da pedra.

Essas pessoas que pertenciam ao tronco mongol geralmente tinham o cabelo negro e liso, rosto arredondado, nariz muitas vezes proeminente, incisivos em forma de pá, uma cor de pele que varia do avermelhado ao moreno e não costumavam apresentar muito pêlo no rosto e no corpo. Um dos componentes desse gênero são os chamados índios Hopi.

Atualmente, vivem em uma reserva, das originadas no final do séc. XIX e início do XX, pelo governo norte-americano, em um território na costa do Pacífico que compreende o norte do Arizona e parte do Novo México, lugar que combina um deserto árido com um trecho de frondosa vegetação que circunda a costa. Antigamente, ocupavam a meseta central dos Estados Unidos.

Pode-se englobar os Hopi como um povo ameríndio pertencente ao grupo Shoshón, da família lingüística yuco-asteca e membro integrante dos denominados “índios Pueblo”. Em suas terras semiáridas cultivam milho, feijão, abóbora e tabaco, tudo isso auxiliado pela caça, pesca e pela colheita de frutos silvestres como nozes e sementes, sempre dependentes da chuva, o que se reflete em suas práticas religiosas, caracterizadas por um alarde de simbolismo e rituais vinculados com irmandades ou sociedades semi-secretas.

Antigamente, o único animal que regularmente teriam domesticado era o cão, ainda que também enjaulassem aves, muito apreciadas pela beleza de suas penas. Vestiam roupas de algodão silvestre fabricada por eles mesmos. Os homens eram e são grandes tecedores. Fabricam o tecido utilizado por todas as tribos do Novo México para a confecção de seu traje tradicional, com faixas de desenho geométrico, trançadas ou bordadas.

São regidos por um sistema de clãs e possuem um excelente sistema de governo municipal. Surpreendentemente, são os únicos que ainda não tiveram seus costumes contaminados pelo contato com outras civilizações, como a espanhola ou a americana. Desse modo, conservam seu antigo vestuário, suas crenças, seu folclore e principalmente suas tradições de séculos, e talvez de milênios.

Por tudo isso, há muito tempo, têm atraído a atenção dos antropólogos, tanto profissionais quanto amadores. São considerados relíquias do que talvez tenha sido um prolongamento setentrional, no tempo, da genuína civilização mexicana, e o povo mais rico em conhecimentos esotéricos.

Nesse sentido, de sua cultura se destaca a precisão dos oráculos. Toda a comunidade consulta suas ações com os espíritos Pais da Natureza, pois para eles cada ação repercute no futuro e por sua vez é produzida por ações passadas. Os Pais da Natureza são para os Hopi deuses, aos quais rendem culto. O mais venerado é o Grande Espírito Masau, pai dos pássaros. Segundo os índios, estes levam de um lado a outro o destino dos homens e são os únicos que conhecem suas ações, se serão benéficas ou não.

O traço específico desse oráculo é uma leitura baseada na posição de quatro penas pertencentes a pássaros da região: a águia calva, a grande garça, o pescador real, o que consideram mimado pelos deuses e o bico duro de peito colorido.

Porém, sem dúvida, o que tem despertado a curiosidade dos investigadores é a tradição que passa de geração em geração sobre sua história, seus costumes e seus mestres. Os Hopi contam que a sua sabedoria lhes foi dada por seres vindos das estrelas, a quem ainda representam em estátuas de cerâmica que vendem aos turistas. São os Katchinas, cujas cabeças são ocultadas sob um capacete de aparência Astronáutica.

Dizem que seus conhecimentos e tradições foram adquiridos há milênios em sua terra natal, a que se referem com o nome de Kasskara. Estava situada em um afastado território mais ao sul, território que foi vítima de grandes catástrofes, cataclismos naturais e guerras cruentas em que quase toda a sua raça desapareceu. Era o fim do “Terceiro Mundo”.

Segundo as tradições dos índios Hopi, a história da humanidade está dividida em períodos que eles chamam de “Mundos”. No total haverá sete, atualmente estamos no Quarto.

Parece que as transições entre um e outro estão rodeadas de catástrofes espantosas de que somente se salvam uns poucos “eleitos” que são a semente do Mundo seguinte. O germe de uma nova humanidade.

As catástrofes que põem fim ao mundo correspondente são depurações do Criador, devido ao fato de a humanidade deixar de viver em paz e harmonia com o espírito. Isso foi o que ocorreu com o Primeiro Mundo, no qual o Espírito Criador situou os seres humanos, precisamente para que vivessem essa paz e harmonia. Quando se rompeu, os que estavam dispostos a seguir o Caminho Sagrado foram enviados ao Grande Canhão, orientando-os que levassem reserva de alimentos. Os vulcões entraram em erupção, e o fogo destruiu tudo.

Uma vez recuperada a terra dessa depuração, os homens saíram de seu refúgio e a repovoaram dando origem ao Segundo Mundo. Porém, com o tempo, voltaram a perder o equilíbrio e deixaram de escutar o Espírito. Chegou um novo desastre: os pólos terrestres perderam a proteção e a terra girou livremente. Produziu-se uma mudança nos pólos e os vendavais açoitaram a terra. O gelo cobriu grandes extensões de terreno.

Novamente voltou-se a repovoar a terra, e a humanidade felizmente progrediu. Os avanços de todo tipo foram espetaculares, porém a ciência foi mal utilizada. Em Kasskara, existia outro povo, da mesma origem chamado “o País do Leste”, que quis dominar tudo, pois se considerava dono absoluto do mundo. Quis fixar fronteiras e quando “o País do Oeste” se negou, teve início uma cruenta guerra na qual foram empregadas terríveis armas de extermínio.

O Grande Espírito presenciava os acontecimentos com pesar, até que ordenou que os oceanos transbordassem, caíram grandes chuvas do céu; tudo foi inundado. A memória dos índios Hopi remonta a essa etapa e a esse Mundo chamado Kasskara. Dizem que formava um imenso continente situado no oceano pacífico.

Então apareceram os Katchinas, que em sua língua significa “veneráveis sábios”, “Mestres”. Vieram das estrelas a bordo de escudos voadores que, segundo explicam os Hopis, tem forma de lentes. Ajudaram-nos na batalha. Tinham um sistema para rechaçar as armas dos inimigos, escapar do desastre, transportando alguns deles em seus escudos – os encarregados de explorar os novos territórios – e a grande maioria foi a bordo de barcas, percorrendo um longo trecho até o nordeste.

Recordam em suas tradições as penosas travessias de uma densa selva, o fato de se terem deparado com uma grande “parede de gelo” que os fez retroceder e, finalmente, chegaram aos férteis terrenos, muito mais ao norte, onde todos se reuniram. Os Katchinas lhes ensinaram a cultivar a terra, a observar os céus, a aplicar as leis e muitas coisas mais. Conseguiram que quase todo o seu povo fosse salvo. Para alguns foi solicitado que viajassem até o Leste, e esse povo foi denominado “o Verdadeiro Irmão Branco”, os que ficaram no oeste formaram os primeiros Hopi.

A nova terra dos Hopi recebeu o nome de Tautoma-la — Tocada pelo Raio — e também chamaram assim a primeira cidade que erigiram às margens de um grande lago. Essa cidade foi identificada por alguns como Tiahuanaco, com o que o lago seria o Titicaca, na fronteira do Peru com a Bolívia. Posteriormente, um cataclismo sacudiu a cidade destruindo-a, e a população se dispersou pelo continente formando distintos clãs. Alguns iam em companhia dos Katchinas que às vezes os ajudavam.

Construíram uma cidade que chamaram “A Cidade Vermelha”. Muitos pensam que poderia ter sido Palenque, no Yucatán Mexicano. Ali estabeleceram uma “Escola de Aprendizagem” — provavelmente iniciática — cuja influência ainda pode ser comprovada entres os Hopi. Os mestres foram possivelmente os Katchinas, e os ensinamentos correspondiam à história dos clãs, à natureza: as plantas, os animais, o homem e suas funções físicas e psíquicas, e finalmente o cosmos e sua relação com o criador.

Houve período de numerosos confrontos entre as cidades de Yucatán, e os Hopi empreenderam novamente sua migração para o norte. Nesses tempos, os Katchinas abandonaram a terra; em seus escudos, suas grandes aves voadoras, regressaram às estrelas, com a firme promessa de retornar. Os Hopi mantêm vivas essas tradições de seus ancestrais e sustentam que quando for necessário, seus mestres voltarão para resgatá-los de um quarto desastre. À vista dessas tradições, é fácil vincular a procedência de lendas que falam de mestres ou deuses cujos ensinamentos, uma vez divididos, voltam a seu lugar de origem, com os Hopi. Circulam pelas grandes culturas meso-americanas, e falam de Quetzalcoatl, ou serpente emplumada, Kukulchan, Viracocha, ou homem branco, etc. Também a idéia de diversos “mundos” subjaz na tradição maia e asteca, bem a de que o primeiro desapareceu por causa do fogo, outro pelo gelo e outro por um grande “dilúvio universal”.

Os Katchinas nunca foram considerados pelos Hopi como deuses. Desde o primeiro momento souberam que eram “sábios mestres”, e assim o transmitiram e seguem transmitindo. Tinham um corpo físico, aparência de homens e em muitos aspectos se comportavam como tal, porém dispunham de conhecimentos muito superiores aos do homem.

Possuíam artefatos voadores que se moviam graças a “forças magnéticas”, escudos que afastavam os projéteis inimigos, engendravam filhos em mulheres sem contato sexual e se tudo isso não for bastante surpreendente, dominavam a arte de cortar e transportar enormes blocos de pedra. Também sabiam construir túneis e instalações subterrâneas. Situando-se num plano cósmico de ingerência direta, intervieram no trabalho humano ensinando muitas de suas habilidades.

Será necessário esperar para ver o que ocorrerá num futuro mais ou menos próximo, porém segundo as tradições dos índios Hopi, as catástrofes anteriores podem ser identificadas: no final do primeiro mundo, poderia se estar referindo a uma extraordinária atividade vulcânica que aconteceu há cerca de 250 mil anos. A segunda catástrofe seria a era glacial, que afetou todo o hemisfério norte e que alguns datam de 100 mil anos atrás. Por fim, a última coincidiria com a tradição universal do dilúvio, que se poderia situar há aproximadamente 12 mil anos. Como se pode ver, as tradições Hopi têm sua lógica.

Referências

Las Profecías de la Tierra.- Ed. Martínez Roca, 1993.

¿Una cultura madre venida de las estrellas? – Antonio Pérez e Iván Hitar. Internet.

Los Hopi.- Enrique Durán. Internet.

Josef f. Blumrich. Internet.

Rosa Torres

Autor

Revista Esfinge