Territórios que hoje estão afundados na miséria e nas lutas fratricidas foram um dia testemunhas de um grande esplendor cultural.
Regiões que neste momento registram um alto grau de tensão e convulsão, povos que vivem conflitos que parecem não ter fim, no meio da miséria e do espólio, em outros tempos foram cenário de um encontro entre Oriente e Ocidente. Isso resultou extraordinariamente fecundo para a transmissão do saber e deixou marcas indeléveis que ainda hoje, apesar de tanta destruição, são testemunhas de um esplendor perdido. A História nos apresenta um panorama radicalmente diferente há mais de dois mil anos, em uma região do mundo que dava abrigo a um mosaico de povos, culturas, religiões distintas. Ali surgiram inumeráveis amostras da fecundidade, que são produzidas nas culturas quando a pluralidade e a mistura de elementos e de formas de entender o mundo convertem-se em uma realidade.
Graças a autores gregos como Xantos o Lídio, conhecemos a existência, desde tempos remotos, de comunidades de sábios persas que tiveram acesso aos centros de conhecimento do Oriente Médio, como o da Babilônia, e que influenciaram sábios gregos conhecidos, como Pitágoras ou Platão. São os chamados “maguseos”, seguidores de Zoroastro, ainda que de certa forma heterodoxos da religião oficial exotérica, neles se sintetizava, há muito tempo, a sabedoria do Oriente com o pensamento emergente na Grécia, tal como, com o tempo, se materializariam nas correntes helenísticas.
Os magos persas chegaram a simbolizar com o correr do tempo uma sabedoria original, aparentada estreitamente com o hermetismo, tal como foi representado no Renascimento. Como já se sabe, Alexandre, o Grande e seus sucessores não desmontaram a herança aquemênida que, com tanto cuidado, havia mantido centros de sabedoria, como o da Babilônia, que há muitos séculos vinha desenvolvendo avançadas pesquisas no campo da matemática, astronomia e astrologia. Esse saber antigo valeu aos Magos persas para associar determinados movimentos nos corpos celestes com algum acontecimento importante para a evolução da Humanidade, segundo um conhecimento hoje já perdido.
Há 2.000 anos, os reinos da Ásia Central tinham conseguido a independência perante o poder dos Selêucidas, na realidade a Bactriana, o Irã Oriental, ou seja, o que hoje é o Afeganistão, pátria do sábio Zoroastro, ou Zaradust, e estava interligado com os reinados da Índia, governada pelos Máurias, que tinham adquirido de Seleuco as províncias sul-orientais do Afeganistão, onde se encontram as cidades de Kabul e Kandahar, por quinhentos elefantes e uma princesa.