A biografia que aqui apresentamos trata de percorrer esse espírito de aventura que foi característico desta grande personagem, levando-a a dar várias vezes a volta ao mundo. Talvez este fato hoje em dia não significa uma proeza, mas estas viagens se desenvolvem no século XIX. Pedimos ao leitor que imagine as viagens em trem ou em barco com os precários meios da época, uma mulher que viajava sozinha.
Deixamos de lado detalhes muito importantes de sua vida que podem ser encontrados em algumas de suas biografias publicadas, para podermos nos concentrar neste artigo, em seu espírito revolucionário e aventureiro.
1831 – Nasce em Ekaterinoslav (Rússia), na noite de 30 para 31 de Júlio de 1831 (calendário Gregoriano), 12 de agosto no calendário juliano europeu. Nasceu de sete meses, apressaram o seu batizado com medo que de a menina morresse.
Durante a cerimônia de batizado, uma menina, tia de Blavatsky, que foi eleita representante por um parente distante que não pôde ir a cerimonia, está sentada no chão brincando com a vela acesa que continham todos os presentes. Em um determinado momento coloca fogo acidentalmente nas roupas do Papa. Este acidente causou queimaduras graves no sacerdote e em vários familiares.
1842 – Com 27 anos morre Helena de Hahn Nee Fadeeff, mãe de Helena Blavatsky, quando esta tinha 11 anos. Deixa vários filhos, dos quais Helena era a mais velha. Recebe aulas de piano de Moscheles, discípulo apaixonado de Beethoven.
1845 – Com 14 anos viaja com seu pai a Paris e Londres. Participa em Londres de um concerto benéfico juntamente com Clara Schumann e Arabela Goddard, executando uma obra para três pianos de Schumann.
1848 – Se casa por ordem de seu pai em 7 de Júlio de 1848 com Nicéforo Blavatsky, ela tinha 16 anos, ele 63. Três meses depois ela foge e começam suas viagens.
Trajeto da viagem: de Odessa a Constantinopla, o Cairo, viaja Nilo acima até a 1ª catarata, retorna a Alexandria, dali a Grécia, e através de Esmirna entra na Ásia Menor e na Pérsia. De lá para o Tibet, onde não consegue entrar. Ela volta a Paris e depois a Londres, onde se encontra com seu pai.
1851 – Uma noite de lua em agosto, as margens do Sapertine River em Hyde Park, conhece a seu mestre, ao que havia visto repetidas vezes em seus sonhos. Este a indica que a elegeu para fundar uma grande Sociedade em benefício do mundo. Com permissão de seu pai começa a preparar-se para esta obra, passando 17 anos de provas.
1851 a 1853 – Percurso da viagem: De Londres ao Canada e EUA, onde percorre as seguintes cidades Michigan, Illinois, Missouri, Arkansas, Mississippi, Luisiana, Nova Orleans, Texas. Passa para o México, a partir daí continua até o Peru, embarcando no porto de Callao para a Índia. Ela chegou no Ceilão em 1852, de lá, partiu para Bombaim, subiu ao norte para o Nepal e tentou pela segunda vez entrar no Tibet. Falhou novamente, retraça seus passos. Ela embarca da Índia para as colônias holandesas de Java e Bornéu, de lá para Cingapura, e depois para a Inglaterra, onde reaparece em 1853.
1853 – Diante dos preparativos da Inglaterra para o que logo seria a “Guerra da Crimeia”, e dado seu amor a sua terra natal, parte novamente para a América do Norte, desembarcando em Nova York, e viajando por Chicago a São Francisco.
1855 – Embarca para o Japão, chegando ao porto de Yokohama. De ali embarca novamente para Calcutá, onde chega em 1855. Ela gasta nessa viagem uma herança que recebeu de uma tia sua no valor de 80.000 rublos. De Calcutá parte para Benares, Delhi, Raiputana e o Penjab, passando logo pelos territórios de Lahora, Delhi e Cachemira. Encontra a um amigo de seu pai e juntamente com outros dois companheiros realiza a terceira tentativa malsucedida de entrar no Tibet.
1857 – Tempo antes do levante dos cipaios contra a Inglaterra, embarca em Madras para Java e de lá para a Europa.
1858 e 1859 – Alemanha e França
1860 – No princípio do ano aparece repentinamente no casamento de uma de suas irmãs em Pskoff, Rússia meridional.
1860 – 1862 Ficou muito doente e morava em Tbilisi. De repente um dia e sem causa aparente sua saúde melhora.
1863 – 1865 Percorre Imericia, Ibéria, Georgia, Mingrelia e os demais países do Mar Cáspio, Cáucaso e Mar Negro. Foi para a Armênia, onde ela pode desfazer a abertura mediúnica que a caracterizara desde seu nascimento. Viaja para a Itália. De lá, parte novamente para o Oriente. Com grande esforço, ela consegue entrar no Tibet.
1866 – Mora em Cáucaso e Ucrânia.
1867 – Participa na batalha de Montana, onde é derrotado Garibaldi pelas tropas pontifícias aliadas com os franceses. Blavatsky recebe um golpe de sabre que quebra seu braço em dois pontos. Ela levou por toda sua vida duas balas alojadas, em uma perna e outra em um ombro, assim como uma ferida de faca a altura do coração que abriu várias vezes fazendo com que ela padecesse muito. De acordo com a lenda, ela teve sua vida salva por causa da intervenção dos mestres.
1867 – 1870 Permanência no Tibet, consegue entrar novamente e receber instrução durante três anos em monastérios tibetanos.
Voltando pelo Punjab, chega ao recém inaugurado Canal de Suez. Dali vai para o Pireu. E então, embarca em um barco grego até a cidade italiana de Spezia. Porém o barco, carregado de pólvora e fogos de artificio, explode depois de um incêndio, milagrosamente ela não morre, é a única sobrevivente. Reaparece em Alexandria.
1871 – Do Cairo parte no final do ano para Palestina e Síria, visitando Palmira e outras ruinas arqueológicas, tenta fundar uma sociedade espírita.
1872 – No final deste ano volta para a sua família, se instalando em Odessa. Possível tour de concertos de piano pela Rússia e Itália, sob o pseudônimo de Madame Laura. De Odessa parte para Paris, deixando pela última vez seu amado solo Russo.
1873 – Instalada em Paris, viaja para Nova York, onde chega em 7 de Júlio, vinte e cinco anos depois de sua primeira viagem. Passa um ano trabalhando em uma fábrica de gravatas ou flores artificiais.
1874 – Em outubro recebe a ordem de seus mestres de ir para Chittenden, onde conheceria a H. S. Olcott, advogado, jornalista, cientista especializado em agricultura e professor de várias universidades, que além disso, durante a guerra de “sucessão” chegou a se tornar coronel.
1875 – Em maio tenta fundar o Clube dos Milagres. Em 17 de novembro, na cidade de Nova York, Helena Blavatsky, juntamente com Olcott e uma quinzena de intelectuais, fundaram a Sociedade Teosófica, conseguindo o objetivo inicial que seus mestres a tinham pedido.
1877 – Publica “Isis sem véu”, trabalho que levou dois anos para concluir, a primeira edição se esgotou antes de sair da editora e a segunda em vinte e quatro horas.
1878 – No dia 17 de dezembro partem para a Índia via Londres, navegando pelo Canal de Suez e chegando a Bombaim no dia 17 de fevereiro de 1879.
1879 – Viaja pela Índia. Chegam a Simla no final de agosto de 1880, convidados pelos Sinnett.
1880 – No final de outubro chega a Amritsar, templo de Ouro dos Sikhs, e seguem para Lahore e Benerés. Voltam para Alhadad com os Sinnet, Blavatsky está gravemente doente.
1881 – Chegam no começo do ano a Bombaim. Funda a revista “The Theosophist y Lucifer”. Os artigos têm enorme êxito e logo formariam o livro “Pelas covas e Junglas de Hindustão“. Viagem a Benares. Em 13 de Júlio partem para Celian, voltando a Bombaim.
1883 – Volta a sair de Bombaim até Calcutá, onde chega no dia 6 de abril, visitando Madras e pela primeira vez Adyar.
1884 – Sai da Índia para um tour europeu para promover a Sociedade Teosófica e chega a Marselia em 20 de março. Viaja para Niza e Paris. No dia 7 de abril chega em Londres, voltando em 14 do mesmo mês a Paris. Em 29 de junho volta a Londres. Viaja para a Alemanha passando parte do verão em Elberfeld, e depois volta novamente a Londres. Em dezembro volta a Adyar chegando mais uma vez muito doente.
1885 – É publicado em dezembro o “informe Hodpson”, encarregado pela Sociedade de Investigações Psiquicas, cheio de incriminações contra ela. Parte da Índia, a qual nunca mais irá regressar. Chega no dia 21 em Nápoles.
Depois de residir em diversas cidades se instala em Wurzburg (Alemanha).
1887 – Vindo de Ostende (Bélgica) chega em abril a Londres, onde fixa sua residência.
1888 – Publica “a Doutrina Secreta”. Inicia a seção esotérica da Sociedade Teosófica.
1889 – Publica em Londres “A Voz do Silencio” e “A Chave da Teosofia”.
1890 – Publica “Joias do Oriente”.
1891 – Morre no dia 8 de maio, sentada em sua mesa de trabalho. Em 10 de maio, seu corpo é cremado no cremetório de Woking e suas cinzas são jogadas no Tâmisa.
1892 – Obras póstumas: “O Glossário Teosófico”, “Pelas rotas e selvas do Hindustão”.
1986 – Cem anos depois, a Sociedade de Estudos Psiquicos publica em seu periódico a primeira refutação do famoso informe. O nome de Blavatsky volta a ficar limpo.
Assinava alguns de seus artigos com o pseudônimo de Radha-Bal e algumas vezes era chamada pelos seus mestres com o apelido carinhoso de Upasika.
Maribel Pérez Román y Laura Mendoza Quesada